Clube de Leitura discute “Não fossem as sílabas do sábado”, de Mariana Salomão Carrara

8 de outubro de 2025

No último dia 7/10 o Clube de Leitura da Apamagis debateu o livro “Não fossem as sílabas do sábado”, da escritora e Defensora Pública Mariana Salomão Carrara, que participou do encontro. A mediação foi da Juíza Danielle Martins Cardoso, Diretora do Departamento Cultural da Apamagis.

A obra conta a história de Ana, uma arquiteta, cujo marido André morre esmagado por Miguel, seu vizinho suicida e marido de Madalena, que se joga do 10º andar do prédio onde moram. Uma morte estúpida, ligada a outra morte. Uma tragédia que transformou o sábado em uma palavra dolorosa.

A protagonista só cai em si quando repara pela primeira vez na vizinha Madalena, que encontra na sala de espera do Instituto Médico Legal. Além do luto e da culpa, o livro aborda a renúncia e a doação que fazem parte da rotina de uma mãe solo, uma vez que André deixa a pequena Catarina aos encargos da narradora.

As “sílabas do sábado” tem como ponto de origem a genial composição “Construção”, de Chico Buarque. “[A canção] estava no meu imaginário: o sábado, despencar no sábado. Desse referencial, na hora da escrita veio o referencial das sílabas, do tempo, da queda”, conta a escritora.

Dor do luto

Segundo Mariana Carrara, uma das grandes surpresas trazidas a ela pela obra foi o impacto sobre leitores que passaram pela experiência do luto. “Tinha ilusão de que pessoas nesta condição não iriam ler algo que as fizessem se debruçar sobre esta dor. Mas grupos de pessoas enlutadas se reuniram para ler o livro e, depois, me enviaram seus depoimentos”, afirma a escritora, consagrada como melhor romancista, em 2023, pelo Prêmio São Paulo de Literatura.

O acontecimento central do livro evidencia o caráter aleatório da existência e os sentimentos de culpa: André, prestes a receber a notícia de sua futura paternidade, sai da portaria do prédio no exato momento da queda de seu vizinho que resolveu saltar da janela. “O sentimento de culpa de Ana, por ter chamado seu marido na mesma hora; a necessidade de [arrumar] um culpado [pela morte] é muito grande”, frisa a autora de obras já reconhecidas pela crítica e pelo público como “Se Deus me Chamar Não Vou” e “É Sempre a Hora da Nossa Morte Amém”.

Se o tratamento do sentimento de luto de Ana é essencial na obra, cabe ao leitor avaliar a dimensão da dor de Madalena, cuja intensidade acaba sendo menos exposta pela autora: “Sempre há essa pergunta [por parte dos leitores]. Gosto [de utilizar a narrativa em] primeira pessoa porque a gente tem uma versão, e aí o leitor faz, a partir do exagero da voz parcial, sua imagem da outra pessoa”.

O impacto da obra fez com que, em 2024, “Não fossem as sílabas do sábado” fosse adaptada para o teatro, encenada pelas atrizes Carol Vidotti e Fábia Mirassos. A dramaturgia foi assinada por Liana Ferraz, e a direção, por Joana Dória. Da estreia no Sesc Belenzinho, na Capital, a peça viajou a outros teatros do Sesc no Estado de São Paulo.

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