“Café com Leite”, de Vicentini Gomez, é debatido no Clube de Leitura da Apamagis, de julho
No último dia 1º/7, o Clube de Leitura da Apamagis discutiu a obra “Café com Leite”, romance do escritor, cineasta e roteirista de TV e teatro Vicentini Gomez, com a participação do autor como palestrante. A mediação foi feita pela Juíza Adriana Albergueti Albano.
O enredo de “Café com Leite” começa em 1917, na Itália, e entra por 1918, no Brasil. A obra — que recebeu prefácio da historiadora Ana Luiza Martins — retrata a saga do italiano “Stéfano Pippi”, desde a histórica vigília pela vida de Sacco e Vanzetti — imigrantes anarquistas italianos presos, julgados e executados nos EUA, na década de 1920 — até sua chegada ao Brasil, no ano seguinte.
O autor aborda de forma primorosa a contribuição dos imigrantes no desenvolvimento da agricultura nas regiões de Jundiaí e Itu, no Interior de São Paulo. Com sabor e sons, o autor retrata os relacionamentos amorosos no cotidiano do interior rural da fazenda cafeeira, onde permite a personagens opostos tornarem-se cúmplices.
“A ideia nasceu há cerca de 30 anos, de uma conversa de boteco com Gésio Amadeu, ator negro [que seria o negro Tião, personagem do romance] de novelas e séries da Rede Globo, como o Sítio do Pica-Pau Amarelo, onde interpretou ‘Tio Barnabé’. A ideia era escrever uma peça de teatro ou roteiro de cinema. Anos depois chegou a pandemia e a TV Globo me dispensou por causa dos riscos com a covid-19, em função da idade. Fiquei em casa trancado, e a escrita do livro foi minha válvula de escape”, conta Vicentini Gomez.
Ditadura e racismo
O fato de a história ser ambientada nos anos 1930, período que coincide com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, e a posterior implantação de uma ditadura (1937 a 1945), cujas marcas, além do conservadorismo político, também eram caracterizadas pelo racismo, deram ao autor — estudante de Direito — a oportunidade de abordar tais problemas.
“Quando Stéfano subiu no trem pela primeira vez e viu a quantidade de negros ficou assustado e perguntou para seu acompanhante se era isso mesmo. Levado à fazenda, é conduzido para os ‘aposentos’ — uma tulha [onde se armazenavam grãos, principalmente café], cheia de poeira — e confrontado por Tião, que o obrigou a pegar a pior cama. Os imigrantes saíram [da Europa] após a primeira guerra, passando fome, sob um regime fascista. Chegaram aqui e foram substituir os negros na mão de obra. Eram explorados tanto quanto os escravos”, pondera o escritor, diretor do filme “Justiça”, sobre a trajetória do Poder Judiciário no Brasil, desde seus primórdios no período colonial até hoje.
“Café com Leite” também dá voz ao personagem “Florzinha”, mulher oprimida, tornada objeto por um sistema machista-patriarcal, que ainda pode ser encontrado no Brasil, mas que também se rebela contra a opressão. Igualmente, aborda uma exploração do ser humano que teima em persistir. “Florzinha enfrentou o patrão, com um tição e com palavras. E ela foi respeitada em um tempo em que fazer isso representava um suicídio. Se sairmos um pouco de São Paulo ou do Rio de Janeiro, e for para o Norte do país, a gente continua vendo isso”, lamenta o autor.
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