Clube de Leitura discute A Casa dos Espíritos, romance de estreia de Isabel Allende e marco do realismo mágico latino-americano

6 de agosto de 2025

O Clube de Leitura da Apamagis realizou mais um encontro, no dia 5/8, desta vez para debater o romance A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende, autora chilena consagrada internacionalmente. A Professora convidada para conduzir a conversa foi a Professora Tarsilla Couto de Brito, Doutora em Teoria e História Literária pela Unicamp e Docente da Faculdade de Letras da UFG. A mediação foi da Juíza Danielle Martins Cardoso.

Publicado em 1982, A Casa dos Espíritos é o primeiro romance de Isabel Allende e acompanha a saga da família Trueba ao longo de várias gerações, com foco nas personagens femininas e no impacto das transformações sociais e políticas do Chile, sobretudo o golpe militar de 1973. A obra é considerada um dos maiores exemplos do realismo mágico, corrente estética característica da literatura latino-americana, que combina elementos sobrenaturais ao cotidiano.

Entre o lírico e o histórico

Para Tarsilla Couto de Brito, A Casa dos Espíritos tem uma narrativa marcada por uma “estranha beleza”, que muitas vezes causa no leitor a impressão de estar diante de uma poesia em forma de prosa. “Trata-se do melhor trabalho da autora, e é impressionante que seja o seu romance de estreia”, afirmou.

A Professora explicou ainda que o realismo mágico, muitas vezes confundido com o fantástico ou o maravilhoso, é, na verdade, uma forma literária que incorpora o extraordinário de forma natural e cotidiana. Segundo Tarsilla de Brito, os povos latino-americanos inventaram essa forma literária que, em obras como a de Isabel Allende, expressa as complexidades históricas e sociais de determinada região.

Nesse sentido, a Professora traçou conexões entre os fatos históricos do Chile e os elementos mágicos da narrativa. Entre eles, destacou os poderes clarividentes de Clara del Valle, os saleiros voadores, o cachorro gigante Barrabás, o fantasma de Férula, a beleza marítima de Rosa e o perfume de violetas das irmãs Mora. Tudo isso compõe um “sistema de verossimilhança” que dá profundidade à narrativa sem abrir mão de sua crítica à estrutura autoritária que se impõe no país.

Mulheres e memória

Durante sua palestra, a Professora destacou o papel central das personagens femininas na trama. Clara, segundo ela, é o ponto de irradiação da vida da família Trueba, mesmo quando permanece em silêncio. Blanca e Alba, por sua vez, resistem à opressão e transformam dor em ação.

Tarsilla de Brito ressaltou ainda como a obra de Isabel Allende articula memória e literatura, evocando o livro Teses sobre a História, de Walter Benjamin, para refletir sobre o modo como a reconstrução do passado pode se tornar um gesto de resistência diante da violência e da opressão.

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