Filósofo Mario Sergio Cortella fala sobre aposentadoria e novas perspectivas para Magistrados na EPM

31 de julho de 2025

O TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) promoveu nesta quarta-feira (30/7), na sede da EPM (Escola Paulista da Magistratura), palestra com o Professor, Filósofo e Escritor Mario Sergio Cortella, que abordou o tema “Da oportunidade ao êxito, reinventando-se na aposentadoria”. A atividade, promovida no contexto do PPA (Programa de Preparação à Aposentadoria) “Novos tempos”, teve apoio da Apamagis e foi voltada para Magistrados aposentados e da ativa do TJSP, do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo e de servidores dos dois Tribunais.

Conceituado como um dos mais relevantes e criativos palestrantes do Brasil, com participações em programas de rádio e TV, Mario Sergio Cortella é autor prolífico. Publicou mais de 47 livros e inúmeros artigos. Professor titular aposentado da PUC-SP e Professor-convidado brasileiro da Fundação Dom Cabral desde 1997, foi ainda Secretário Municipal de Educação de São Paulo de 1991 a 1992.

Presentes à mesa do evento: Artur Cesar Beretta da Silveira, Vice-Presidente do Tribunal, representando o Presidente Fernando Antonio Torres Garcia; Heraldo de Oliveira Silva, Presidente da Seção de Direito Privado do TJSP; Gilson Delgado Miranda, Diretor da EPM; Maria Cristina Zucchi, Coordenadora da Área de Formas Alternativas de Solução de Conflitos da EPM; Laura de Mattos Almeida, 2ª vice-presidente da Apamagis, representando o Presidente Thiago Massad; Pedro Cauby Pires de Araújo, Diretor-Adjunto do Departamento de Aposentados da Associação; e Vanessa Mateus, Coordenadora da Justiça Estadual da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).

 

Isolamento

Mario Sergio Cortella começou a palestra frisando a necessidade de os Magistrados aposentados, ou próximos à aposentadoria, evitarem o sentimento de isolamento e procurarem alternativas de desenvolver outras atividades com base em suas potencialidades já adquiridas durante os anos de carreira. “Quem tem ascendência italiana, como eu, sabem que a palavra ‘insula’ significa ilha. Uma pessoa que está isolada está ilhada. Uma das coisas mais importantes é que sejamos capazes de recusar o ilhamento”, disse o Filósofo, para quem a única maneira de escapar da sensação de solidão e distanciamento social é buscar um porto, uma saída, uma alternativa. “É da expressão ‘porto’ que vem a palavra oportunidade.”

Dono de verve refinada, bom-humor e grande cultura literária, o palestrante ofereceu aos Magistrados seu exemplo de Professor aposentado e sua saudade dos tempos de Magistério. Porém, advertiu para que se mantenha distância da perigosa tendência à nostalgia: “Saudade é lembrança que alegra, anima e faz sorrir; nostalgia é lembrança que dói, a dor daquilo que não volta […] de nada adianta produzir um sofrimento em vez de encontrar uma saída, um vento favorável. E o bom navegador não espera o vento, vai buscá-lo”.

Mario Sergio Cortella lembrou ainda o exemplo do grande Educador Paulo Freire — de quem foi Assessor Especial e Chefe de Gabinete —, que pregava o cultivo da “esperança do verbo esperançar”. “Tem gente que tem esperança do verbo esperar. Isso não é esperança, é espera. Há que montar um projeto, ir atrás, se juntar, fazer coisas que rompam com o desagradável, o desnecessário”, disse. Segundo o Filósofo, embora todas as pessoas se lamentem e chorem pelos problemas e fins de ciclos, não há nada que evite o isolamento e produza uma saída a não ser “levantar-se”.

“O futuro é o passado em preparação”

Utilizando o exemplo de Pierre Dac, como forma de combater os sentimentos paralisantes da nostalgia e concretizar projetos, o Palestrante lembrou a célebre frase do poeta francês: “O futuro é o passado em preparação. Isso independe de uma pessoa estar na ativa ou fora dela”. E aprofundou o raciocínio resgatando um curto poema do escritor alagoano e imortal da Academia Brasileira de Letras Ledo Ivo: “O que sobra é a obra; o resto, soçobra”. “Por isso, se o futuro é um passado em preparação, no dia em que você e eu nos formos, o que fica?”, questiona Mario Sergio Cortella, referindo-se às obras que se fazem durante a vida e a carreira profissional.

Resgatando a origem da palavra aposentadoria, lembrou que ela vem do vocábulo latino “pausa”, e por conseguinte “repouso”, “pouso”, “pousada”. “A questão é: como você vai ocupar o seu tempo de um modo que seja produtivo?”, pergunta o palestrante, para quem um “produtivíssimo exagerado” faz com que muitas pessoas que podem dar uma pausa no trabalho se sintam culpadas e inúteis.

Como forma de vencer o sentimento de inutilidade trazido pela visão apenas “produtivista” da vida e fortalecer a possibilidade de o aposentado se reinventar, Mario Sergio Cortella ressaltou ainda a necessidade de conhecer e reconhecer a própria identidade como ser humano ao constante devir trazido pela vida.

“Aquilo que eu fui, é algo que me inspira para ser outras coisas de outro modo, seja na escrita, na docência, na palestra, na atividade de voluntariado… Tudo o que permite continuar a obra depois que o emprego não é mais como era ou mesmo não exista […]. Aposentado significa sensação de um vínculo determinado, mas não é o término de um conjunto de ações que podem constituir uma obra”, frisou o Professor.

Detendo-se na ideia de “obra”, Mario Sergio Cortella se remete aos versos do Escritor, Poeta, Tradutor e Jornalista gaúcho Mário Quintana: “Um dia… Pronto!…Me acabo. Pois seja o que tem de ser. Morrer: Que me importa? O diabo é deixar de viver”. “Deixar de viver é não perceber o quanto da nossa história, trajetória, caminho, constitui algo que impedirá o isolamento se formos capazes de buscar […]. O que sobra é a obra, o resto soçobra”, enfatizou. Após a palestra, o Filósofo respondeu a perguntas da plateia envolvendo a aposentadoria.

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