Juíza Cristina Escher fala das circunstâncias da prisão de Roger Abdelmassih em live da série “Casos Midiáticos: Justiça X Imprensa”

A 6ª live da série “Casos Midiáticos: Justiça X Imprensa” recebeu na noite desta quarta-feira (4/8) a juíza de Direito Cristina Escher. A magistrada teve ampla repercussão na mídia por ter sido a responsável por decretar a prisão do ex-médico Roger Abdelmassih, em 2011. A condução desse evento virtual, que tratou sobre esse caso e outras histórias de uma carreira de 21 anos, foi da diretora de Imprensa da Apamagis, Carolina Nabarro.

A série, que teve início na última semana de junho, é transmitida ao vivo no Instagram da Apamagis (@apamagisoficial), às quartas-feiras, sempre às 18h. Todos os episódios podem ser revistos no próprio Instagram e no canal da Apamagis no Youtube.

Cristina Escher iniciou a conversa com a diretora da Apamagis contando um pouco de sua história na Magistratura e que foi para a cidade de Botucatu em busca de uma vida mais tranquila, que, inclusive, não aconteceu por conta de sua ida para a Vara de Violência Doméstica, com muitos casos com grande repercussão na mídia.

A magistrada contou que, quando iniciou a carreira, os juízes praticamente não falavam com a imprensa, fato que veio mudando nos últimos anos. “Os juízes não saíam do gabinete, não falavam com jornalistas em hipótese alguma, porque nós tínhamos muito medo de sermos mal-interpretados.” A grande preocupação se dava principalmente pela edição das reportagens e entrevistas. “Às vezes você fala uma coisa e sai na mídia diferente, com um corte na frase que muda o sentido de tudo”, disse.

Sobre a pressão que a mídia geralmente faz em casos de grande repercussão, Cristina Escher ponderou que trata esses processos como todos os outros, sem se deixar levar pelas opiniões externas. “Não quero olhar quem são as partes, eu vou ver os fatos e decidir. Nós juízes não podemos deixar nos atingir. Eu estive à frente de muitos casos polêmicos e em qualquer situação nunca me senti pressionada. E, se eu me sentir assim, vou alegar suspeição e sair do processo.”

Sobre o famoso caso do ex-médico Roger Abdelmassih, a magistrada contou que era auxiliar da juíza Domitila Manssur, conselheira da Apamagis, e já o havia condenado na ocasião. No entanto, Abdelmassih conseguiu um habeas corpus, e ela acabou decretando a prisão quando descobriu que o ex-médico tinha planos de fugir do país. “Ele foi preso pelo meu mandado. Então, se pesquisar sobre a prisão do Roger Abdelmassih, eu apareço. Por muito tempo, fiquei conhecida como a juíza que o prendeu.”

Com a grande repercussão do caso, Cristina Escher afirmou que nada mudou para ela por ser um caso midiático. “Quando você sabe que o caso vai para a mídia, toma um pouco mais de cuidado. É natural do ser humano se vigiar mais quando há muita gente questionando, mas eu nunca me deixei abater. Em casos como estes, prefiro nem ver muito o que se passa na imprensa. O juiz não pode ter medo nem receio de dar alguma decisão.”

A juíza também rebateu as críticas feitas de forma generalizada aos magistrados, que, para ela, não retratam a complexidade do trabalho do Poder Judiciário. “Decidimos muitas coisas difíceis na carreira envolvendo a vida das pessoas. Nós não podemos ser irresponsáveis. O juiz tem que decidir vislumbrando a consequência da sua decisão, porque vai ter um policial militar cumprindo a sua decisão imediatamente.”

A defesa da Magistratura também foi compartilhada pela diretora de Imprensa da Apamagis. Carolina Nabarro destacou a importância dos juízes ocuparem os espaços para evitar que outros interlocutores falem pela categoria. “Infelizmente, nos últimos anos há muitas pessoas interessadas em diminuir a imagem do Judiciário, em tirar a nossa força. Precisamos fazer um esforço para mostrar como trabalhamos, que o juiz só decide após ouvir as partes envolvidas no processo. Se nós não ocuparmos esse espaço, outras pessoas vão ocupar e falar coisas que não necessariamente gostaríamos que fossem ditas”, ponderou