“Não é raro que mulheres me confidenciem episódios de violência doméstica”, diz Vanessa Mateus, após ação que divulgou a campanha Sinal Vermelho em shopping

A campanha Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica saiu das redes sociais e dos tradicionais meios de divulgação para chegar mais perto das mulheres que passavam pelo shopping Ibirapuera, em São Paulo, nesta quinta-feira, 25/11, data em que se celebra o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. A ação, patrocinada pela marca de maquiagem e cosméticos Mary Kay, foi instalada na entrada principal do centro comercial e consistiu na distribuição de batons às frequentadoras, entregues pela presidente da Apamagis, Vanessa Mateus; pela supervisora da Política Judiciária Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, procuradora regional da República e ex-conselheira do CNJ, Maria Cristiana Ziouva; pelo diretor jurídico da empresa, Eduardo Vilhena; e pelas diretoras nacionais, Marcia Marques e Isabella Costa Nova.

“Foi uma ação muito criativa que permitiu a nossa aproximação da sociedade. Entregar os batons, um dos símbolos da campanha, e explicar o mecanismo dessa denúncia, que ocorre de forma silenciosa e alternativa, para as mulheres que por ali passavam, funcionou como um termômetro. Primeiro, do quão conhecida a campanha é perante a população e, segundo, sobre casos reais desse tipo de violência”, afirmou a presidente da Apamagis.

De modo geral, a ação demonstrou que muitas mulheres têm conhecimento sobre a campanha Sinal Vermelho, conforme atestado pela pesquisa JUSBarômetro, cuja 2ª edição, sobre a percepção das mulheres acerca da violência contra elas, indicou que ao menos 70% conhecem a campanha ou já ouviram falar, e 78% a avaliam positivamente. Mesmo cientes da existência da campanha, as mulheres paravam para ouvir atentamente e falar reservadamente.

“Não é raro que em minhas palestras, entrevistas, enfim, que em eventos públicos onde sou chamada a falar sobre violência doméstica, muitas mulheres confidenciem a mim episódios sofridos por elas mesmas ou por alguma mulher de sua família ou de seu círculo social. E durante essa ação não foi diferente”, contou Vanessa Mateus.

A juíza, que foi a responsável pela instalação do 1º Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher em São Paulo, defende o envolvimento da sociedade civil como determinante para uma mudança de cultura em que esse tipo de violência não seja tolerado.

“Nossa lei é uma das melhores do mundo, portanto, o problema não é a falta de legislação, mas, sim, a cultura. Na grande maioria dos casos, as agressões, as lesões e, eventualmente, o feminicídio têm por razões não aceitar o fim do relacionamento, não aceitar o relacionamento daquela mulher com outra pessoa. O que move a pessoa a praticar aquele delito é uma sensação de pertencimento, ele é dono e não admite que aquela mulher tome a sua própria decisão. Então, nos deparamos com uma questão cultural. ”

Além da ação no shopping Ibirapuera, diversos locais importantes da capital paulista, como a Ponte Estaiada, o Monumento às Bandeiras (Ibirapuera), o Viaduto do Chá, o Edifício Matarazzo (Prefeitura de São Paulo) e a Biblioteca Mário de Andrade foram iluminados com as cores da campanha para chamar atenção para a data.