Solução para a desigualdade de gênero está na reeducação dos homens, diz juíza

11 de março de 2021

O artigo 5º da Constituição Federal é bastante claro ao estabelecer que todos os residentes no Brasil são iguais perante a lei. O inciso primeiro ainda explicita que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos da lei. Mas e na prática, mais de 30 anos após a promulgação da nossa Carta Cidadã, essa igualdade existe?

Essa foi uma das questões que a juíza Ana Carla Criscione, titular da 1ª Vara de Família e Sucessões da Comarca de Bauru, tentou responder em uma live promovida pela Rede de Assistência Social Cristã (RASC) e transmitida no canal da entidade no YouTube desta terça-feira (9/3).

Para a magistrada, apesar de constar no texto legal, essa igualdade entre homens e mulheres não existe efetivamente. “Mesmo trabalhando fora de casa, em muitos casos a mulher ganha menos que o homem, ela tem muito menos propostas de promoção, ela recebe criticas quando se casa e quando fica gravida é um grande problema no âmbito do trabalho por conta da licença. Além disso, outra diferença é o assédio que a mulher sofre no trabalho, seja ele sexual ou moral.”

Ana Carla Criscione destacou que há pouco tempo atrás, as mulheres eram impedidas por lei de trabalhar em diversas áreas, de estudar e de votar. No entanto, a superação disso as colocou em uma grande situação adversa.  “Nós ganhamos o espaço público, passamos a ser reconhecidas profissionalmente, mas não fomos aliviadas das nossas atividades no nosso espaço privado. Continuamos trabalhando fora e dentro do lar e nos acostumamos a viver com a dupla jornada”, afimou.

Para a juíza, a solução definitiva para esse problema está na educação dos meninos e na reeducação dos homens adultos. “Antigamente, os homens eram os únicos provedores da família, agora não são mais. Hoje, no máximo, são ajudantes em casa e nós não queremos ajuda, queremos uma divisão do trabalho doméstico, uma parceria na criação dos filhos”, disse Ana Carla Criscione.

Por fim, a magistrada também culpou parte considerável das mulheres, que como mães, reproduzem esse comportamento de tratar determinadas atividades como masculinas e outras (geralmente as domésticas) como femininas. “Quando começa sua vida social, os meninos têm muito mais liberdade do que as garotas. Nós mães, ao invés de termos a mesma preocupação com os dois, nos preocupamos mais com as meninas que com os meninos. Essas condutas, infelizmente, estão grudadas no nosso subconsciente, por tudo que aprendemos e temos dentro da nossa bagagem cultural e familiar”, pontuou a juíza.

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