Clube de Leitura da Apamagis completa quatro anos com debate da obra ‘As relações perigosas’
O Clube de Leitura abordou, no dia 2/8, o livro “As relações perigosas”, de Choderlos de Laclos. O encontro marca o aniversário de quatro anos do Clube de Leitura e teve a participação do escritor Leandro Oliveira e mediação da magistrada Danielle Martins Cardoso. Considerado um dos clássicos imortais da literatura, a obra abalou as estruturas da burguesia francesa quando lançado, em 1782, ao expor a futilidade e a libertinagem da elite do país em um contexto pré-Revolução Francesa. Tensionou ainda os papéis de gênero ao falar de desejo e poder. Além de escritor, Leandro Oliveira é maestro, compositor, professor de música e história da cultura.
O enredo trata da troca secreta de cartas entre um grupo da elite francesa. Adepto da libertinagem, o visconde de Valmont ganha destaque ao tentar conquistar a presidente de Tourvel e a marquesa de Merteuil, a quem a jovem Cécile confidencia seus segredos. Além de confidente e nada confiante, a marquesa insiste que Cécile se entregue a outro homem antes de se casar. O livro ganhou ainda adaptações para o cinema, protagonizadas por estrelas hollywoodianas como Jeanne Moreau, Glenn Close e John Malkovich.
Um dos primeiros aspectos do livro destacado pelo escritor refere-se a seu humor e espírito subversivo. “Acompanhamos a troca de cartas entre personagens eventualmente perversos, como a marquesa de Merteuil e o visconde de Valmont, mas, ao ler o livro como leitores modernos, são estimulantes os termos inteligentes, mordazes e deliciosos. O livro chegou a ser judicialmente proibido na França de então. Suas referências morais atentavam contra os costumes, o decoro e um pacto social. Embora não seja um romance histórico, ‘As relações perigosas’ descreve uma certa sensibilidade não tão incomum para a época”, afirma Leandro Oliveira.
Embora Choderlos de Laclos – um militar – não fosse uma personalidade do mundo das letras, como Rousseau, Diderot ou mesmo o Marquês de Sade, o autor escolhe um lugar muito popular da literatura da época. “Ele incorre no universo da literatura libertina, que atenta contra o universo dos costumes. Curiosamente, no Século das Luzes, nos defrontamos com essa ascensão inequívoca das forças mais atávicas a operar muitos dos grandes personagens da época”, diz o escritor.
Neste sentido, Leandro Oliveira toma a poderosa personagem da marquesa de Merteuil como uma manipuladora de marionetes em relação ao próprio visconde de Valmont: “Este, por sua vez, é uma espécie de demônio menor, que, embora não tenha medo de corromper e fazer corromper seus interlocutores, está sob os desígnios dos vícios da marquesa. Ele é um pequeno demônio que se apaixona, embora não tenha coragem de levar seu amor adiante”.
Trata-se de uma obra sobre a paixão e as perdas da paixão e que levanta algumas questões que cairiam como uma luva em nossa época, a levar em conta o feminismo expresso na justificativa da marquesa de Merteuil, que afirma nunca ter se casado novamente para não ter de justificar seus atos. “Eu queria trair apenas por prazer, e não por necessidade”, afirma ela em uma das cartas. “Essa frase poderia estar no breviário de qualquer feminista contemporânea”, conclui o escritor.
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