Juíza Ivana David diz que desafio é trabalhar para que a violência contra a mulher não aconteça

21 de junho de 2021

A juíza do Tribunal de Justiça de São Paulo Ivana David, associada à Apamagis, que ficou conhecida por decretar prisões notórias, como a do líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e a de Suzane von Richthofen, assassina confessa dos pais, concedeu uma entrevista ao portal UOL, publicada nesta sexta-feira (18/6). Entre outros assuntos, a magistrada sobre feminicídio, ameaças, facções criminosas e fez um alerta sobre a necessidade de se enfrentar o tema das milícias.

Ivana David lamentou o aumento de casos de violência doméstica na pandemia, mas considera que avanços estão ocorrendo. Para ela a sociedade aprendeu os caminhos para buscar a Justiça. “Esse número maior de crimes pode estar relacionado a investigações mais rápidas, por causa da adoção de novas tecnologias e de novos meios de informação. A gente tem mais conhecimento do que está acontecendo.”

Ao ressaltar que o trabalho da Justiça se dá quando o crime da já aconteceu, Ivana David destacou que é preciso uma ampla campanha para conscientizar e educar a população sobre o assunto. “As pessoas precisam parar de achar que a violência é uma ferramenta para se conseguir o que quer. Tem gente que mata porque ama ou porque odeia. Precisamos de uma sociedade de pessoas que valorizem a vida.”

Para Ivana David, só a educação pode, de fato, coibir a violência contra a mulher. “A falta de educação gera feminicídio. Vivemos em um país onde a ficha nunca cai. Somos signatários de várias convenções internacionais, de Viena, Budapeste, Palermo, e a principal bandeira desses tratados no que diz respeito à violência contra a mulher é a prevenção.”

Facções e Milícias

Na entrevista, a magistrada abordou, ainda, questões da segurança pública e alertou que, hoje, no Brasil, o problema mais grave nesse campo são as milícias, que atuam, principalmente, no Rio de Janeiro. “Acho que elas são piores do que as facções. No caso da facção, fica muito claro quem é o bandido e quem é o mocinho. A milícia transita entre o Estado e o crime, o que é bem pior”, lamentou.

“Os milicianos estão avançando nessas áreas que eram do Comando Vermelho; as guerras por lá são por território. Só que a milícia não vende só droga, também oferece serviços, vende gás, internet, TV a cabo, casas, apartamentos. Todas as organizações criminosas só funcionam por meio da corrupção de agentes públicos, mas as milícias levam vantagem nesse sentido, porque sabem como o Estado funciona e usam isso para o mal”, disse Ivana David.

Confira aqui a entrevista completa

 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

  • Estão abertas as inscrições para o XII Congresso Brasileiro dos Magistrados Espíritas, a ser realizado […]

  • O STJ (Superior Tribunal de Justiça) prorrogou, até as 23h59 do dia 15/7, as inscrições […]

  • No dia 16/7, serão sorteadas 50 inscrições para Juízes e Pensionistas associados da Apamagis e […]

NOTÍCIAS RELACIONADAS