Palestra aborda unificação da Itália e prepara magistrados para Clube de Leitura sobre “O Leopardo”
Encontro preparatório para o próximo Clube de Leitura, que abordará o livro “O Leopardo”, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, teve como convidado, em 28/3, o professor Diego de Bernardin Stadoan, autor da palestra “A unificação da Itália e a questão meridional”. Ambientada em 1860, a obra de Lampedusa tem como pano de fundo os fragmentados estados italianos, que passavam por um radicalizado processo de unificação. Stadoan é historiador formado em História pela Università degli Studi di Venezia, mestre em História pela USP e doutor em Ciências Políticas pela Unicamp.
Publicado em 1958, “O Leopardo” aborda a história de uma decadente família aristocrática siciliana ameaçada por forças revolucionárias dentro do contexto da unificação italiana. A Sicília, por seu lado, sempre foi um labirinto de raças e culturas. Primeiramente, colônia grega; depois, fenícia; mais tarde, cartaginesa, romana, bizantina, islâmica.
Passados mil anos, a dinastia normanda dos Hauteville converte a ilha em Estado independente. Séculos depois, os Hohenstaufen – reinando já sobre a Alemanha e a Lombardia – ocupam a ilha e a transformam em base estratégica para pressionarem os Estados papais. Seguem-se no domínio do território vários usurpadores: Pedro de Aragão e, em seguida, seu sobrinho Frederico. Morto este, senhores feudais estabelecem seus pequenos reinados locais até que a coroa da Espanha passa ao domínio dos Habsburgos.
Sicília entre forças poderosas
“O livro foi escrito por Lampedusa – um aristocrata – em meados da década de 1950. Estamos no contexto da Guerra Fria. Na Itália, ela significa a contraposição entre os democratas cristãos de um lado e os socialistas e comunistas de outro. Creio que Lampedusa escreve um romance histórico para colocar o problema da nação siciliana frente a esse contexto. O autor conhece muito profundamente essa nação e faz questão de frisar a não atenção da política italiana em relação à Sicília”, afirma Stadoan, nascido em Veneto e profundo conhecedor da história italiana.
No decorrer da palestra, o professor fez ainda um apanhado dos principais fatos que levaram à unificação, suas contradições, a presença de Giuseppe Garibaldi – líder de um exército de voluntários na Itália e figura conhecida por sua presença na Guerra dos Farrapos (1835-1845) – e as artimanhas da velha aristocracia ao compor-se politicamente com a burguesia ascendente a fim de impedir uma revolução popular. “Neste sentido, há uma célebre frase [referente a um diálogo entre o príncipe de Salina e seu sobrinho Tancredi]: ‘Vamos precisar mudar tudo para não mudar nada’. É importante entender que se trata de uma posição que não representa a opinião de toda a sociedade, mas da aristocracia siciliana, que deseja manter o poder efetivo.”
Antes de discorrer sobre as origens da aristocracia italiana, a ocupação árabe sobre o sul da Itália e as ações de Napoleão III, Stadoan fez ainda um parênteses para falar do filme “O Leopardo” (“Il Gattopardo”), do diretor italiano Luchino Visconti. Baseado no romance de Lampedusa, a obra foi vencedora da Palma de Ouro do Festival de Cannes, em 1963: “O filme abarca a 3ª guerra de independência do Veneto. Trata-se de uma obra-prima. Vale a pena assistir”, aconselha o professor.
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