Projeto Palhaços Sem Juízo completa quatro anos com ampla participação de magistrados e resultados positivos

O projeto Palhaços Sem Juízo fará, em agosto, quatro anos de atuação no SANCTVS (Setor de Atendimento de Crimes da Violência contra Infante, Idoso, Pessoa com Deficiência e Vítima de Tráfico Interno de Pessoas), no Fórum da Barra Funda. Durante este período, houve ampla participação de magistrados que aprovaram e se empenharam na iniciativa, com resultados muito positivos.

O objetivo da proposta é promover um ambiente humanizado, por meio da arte, fazendo com que crianças e adolescentes, vítimas ou testemunhas de abuso ou violência, se sintam acolhidas antes de prestarem depoimento. Atuando como “assistentes da juíza”, os palhaços que integram o grupo interagem de maneira lúdica.

Objetivo do projeto é promover ambiente humanizado | Foto: Divulgação

A origem da iniciativa, em julho de 2019, foi da atriz Soraya Saide, que levou o projeto para avaliação da magistrada Tatiane Moreira Lima, então lotada no SANCTVS. “Eu tive a ideia depois que vi uma reportagem com a juíza Tatiane, em que contava o que é a Lei do Depoimento Especial, o trabalho desenvolvido SANCTVS. Eu, apesar de atuar junto a crianças e jovens nos hospitais, não tinha noção dessa lei, ou de como o Judiciário atuava com o público infanto juvenil”, relembrou Soraya.

Na ocasião, a atriz ficou surpresa em relação à maneira dos jovens serem ouvidos, de como a palavra deles contava em um processo. “Isso me encantou e motivou a procurar a magistrada Tatiane. E, a partir dessa conversa, da visão humanista dela, que o projeto pôde tomar forma e acontecer”, rememorou a atriz.

Magistrada Tatiane Moreira Lima e as atrizes da trupe | Foto: Arquivo Pessoal

Um mês após o contato com a magistrada, foi iniciado o trabalho. “Eu me sinto muito honrada e feliz por participar deste projeto desde o início. As crianças encontram um ambiente acolhedor, o que proporciona excelentes resultados. A iniciativa foi aprovada por unanimidade pela Coordenadoria da Infância do Tribunal de Justiça”, afirmou a juíza Tatiane Moreira Lima.

A opinião encontra eco na avaliação da juíza Ana Carolina Belmudes, diretora de Imprensa da Apamagis e que já trabalhou no SANCTVS. “Fiquei logo encantada com a proposta. A arte a serviço da Justiça me pareceu um caminho promissor. O trabalho com crianças e adolescentes, além de suas famílias, é muito delicado. Para mim foi uma grande satisfação trabalhar com esse projeto, vivenciei experiências muito tocantes”, destacou a magistrada.

Juíza Renata Mahalem acompanha trabalho do grupo | Foto: Arquivo Pessoal

“O trabalho desenvolvido tem trazido excelentes ganhos nos depoimentos especiais, principalmente de crianças, que se fortalecem em suas falas, pois se sentem mais acolhidas e confiantes. É possível ver diferença quando há essa interação. As brincadeiras com os palhaços deixam as crianças livres e confortáveis para manifestarem suas vontades perante a equipe técnica, no que tange aos seus depoimentos. Entendo que é um trabalho que faz toda diferença no âmbito do Judiciário”, destacou a magistrada Renata Mahalem, juíza do SANCTVS.

O Palhaços Sem Juízo atuou também, durante um período nestes quatro anos, no Fórum de São Miguel Paulista, na Zona Leste da capital. No SANCTVS, um dos ciclos mais difíceis ocorreu na pandemia, quando só foi possível realizar as atividades por videoconferência. “Tentamos, mas este tipo de ação é muito difícil sem o contato ao vivo. Com a retomada das audiências presenciais, voltamos a interagir como era antes”, contou Soraya Saide.

Atualmente, cinco palhaços da trupe vão ao Fórum da Barra Funda, em esquema de revezamento, geralmente uma vez por semana. Em cada visita, as ações são desenvolvidas em duos ou trios.