Homenagem ao juiz Paulo Marcos Vieira, por Evandro Pelarin

14 de maio de 2021

Uma pessoa iluminada

No meu primeiro contato com ele, logo notei a sua marca registrada, o sorriso. Ele era só sorrisos. Sorria facilmente, como se o sorriso fosse a sua própria identificação visual. Ele ouvia e já preparava um sorriso antes da resposta. Ele foi alguém que fazia questão, muita questão, que o seu interlocutor se sentisse bem ao lado dele, que sentisse leveza, descontração.

Mesmo diante das lides complicadas da justiça, e olha que são muitas, dos problemas agudos e difíceis, ele argumentava e expunha o seu ponto de vista sempre sorrindo. Calmo, sem rompantes. Ao defender a sua tese, não se apresentava como detentor das certezas, como se tivesse a revelação do justo. Ao contrário, caminhava entre os que não acertavam, entre os que não sabiam ao certo o destino, ainda no escuro, mas acendia uma vela para tentar encontrar o rumo verdadeiro. Sorrindo, claro.

Ele se esforçava, entre nós, para estar com todos. Em nosso grupo, nas redes sociais, brincava o tempo todo. Ele puxava as conversas. Ele estimulava o bate-papo. Ele cutucava um ou outro para uma brincadeira. Usava a sua torcida pelo Santos Futebol Clube para alfinetar os demais, desportivamente. Com simplicidade, contava suas experiências, sua vida vivida como servidor público com 47 anos de serviços prestados, 32 deles dedicados à magistratura paulista. Foi policial civil, promotor, acumulou, como poucos, vasta experiência profissional.

A última vez que nos falamos foi ao telefone. Mesmo preocupados com assuntos relacionados ao trabalho, ao futuro como um todo, ele era otimista. Aliás, ele me acalmou. Ele disse que esta dificuldade iria passar, que iríamos inclusive nos encontrar no final deste ano, todos, na confraternização que anualmente realizamos, e que não foi possível no ano passado. Ele me disse que sentia falta das reuniões. E eu entendo. Ele era essa pessoa mesmo, que gostava de conversar, de estar próximo um do outro, mas que, como muitos de nós, estava cumprindo o isolamento.

Neste momento de tristeza, de partida, temos as boas lembranças que diminuem a nossa dor, a dor da perda. E, com ele, são muitas. Porque ele deixou esse legado, o legado das boas lembranças, dos bons momentos, da alegria, do otimismo. Por isso que, agora, a consternação não sufoca, mas reaviva na mente a grandeza de um homem feliz, de uma pessoa do bem, sempre disposta, sorridente.

Nossos sentimentos aos filhos, à família. A perda é nossa também, dos amigos e colegas de trabalho. Choramos juntos. E aqui testemunhamos um pouquinho da história de um homem da justiça, que semeou a paz e a alegria: o juiz Paulo Marcos Vieira.

Evandro Pelarin, juiz da Vara da Infância e Juventude de São José do Rio Preto

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