Wagner, Verdi, Beethoven e grandes nomes do período romântico são destaque em aula da série “Conexões Musicais”

29 de outubro de 2021

Subjetividade, sentimentos à flor da pele e o homem como ponto central são algumas das características que definem romantismo na arte. E foi com olhar na música, entrelaçada a outras linguagens artísticas e pensamentos desse período que o professor Antonio Carlos Toze conduziu a segunda aula da série “Conexões Musicais”, programada para este semestre. O encontro, chamado “A música e a ópera romântica”, foi realizado online no dia 13/10.

O compositor Ludwig Van Beethoven (1770-1827) ao qual Toze já havia dedicado uma aula inteira em novembro do ano passado, foi o primeiro nome a ser pronunciado na aula. Não por acaso: é ele quem marca, na música, a transição do classicismo, embasado na racionalidade, para o romantismo, pontuado por sentimentos.

“Beethoven colocou em música o ser humano, transformou o ser humano em música. Todos os nossos adjetivos, todos os nossos bons e não tão bons sentimentos estão inseridos na obra dele, seja nos quartetos de cordas, nas 32 sonatas para piano”, disse Antonio Carlos Toze. “Ele foi o maior compositor de sonatas de todos os tempos, o maior sinfonista de todos os tempos. Através de suas nove sinfonias, Beethoven mostrou todo um universo possível e impossível para o ser humano.”

Ser solitário
O século 19 dos românticos é a era dos pianos, e Beethoven expandiu os limites desse instrumento. O piano permite criar melodia e ritmo e pode fazer o som soar mais forte ou mais fraco. Ele se torna a orquestra dentro dos lares da burguesia.

O violino também ganha destaque, e aparecem os grandes solistas. “O violino sozinho também consegue muita coisa”, disse o professor, fazendo a conexão com o modo de vida do ser humano no século 19. “O herói romântico, o ser romântico, a narrativa romântica é individual, individualista. O ser humano romântico sofre sozinho. Apesar de viver em sociedade, de querer ser visto, aparecer e conviver, no fundo é um ser solitário e vai sempre ter dúvidas sobre fé, religião, ciência e natureza através de seus dilemas individuais. Ele prefere as sombras, a solidão, e não à toa muitos sequer se casaram.”

As novas composições dos românticos trazem menos razão e mais intuição. Há um apreço pela natureza, mas não mais uma natureza perfeita, harmônica. “Aqui é destacada a sua imprevisibilidade, os terremotos, maremotos, tempestades”, explicou Toze. A mitologia também volta a ganhar campo na música.

O romantismo foi período prolífico na música. Época de Franz Schubert (1797-1828), Frédéric Chopin (1810-1849), Franz Liszt (1811-1886), Robert Schumann (1810-1856), Johannes Brahms (1833-1897), todos eles citados na aula. De Schubert, Toze destacou a criação do lied, a canção romântica alemã, nascida nos encontros boêmios que seriam uma espécie de precursores dos saraus, onde artistas se reuniam. Encontros esses que também seriam chamados de schubertíades.

De Chopin, Toze destaca sua vasta obra para piano e composições famosas como o “Noturno Op 9, nº 2”. Chopin, aliás, foi acolhido por Liszt em Viena, um amigo sociável e muito talentoso, que acabou impulsionando sua carreira. “Liszt foi o maior pianista de todos os tempos, dono de obra complexa, difícil. Tudo o que ele deixou era versão facilitada”, salientou o professor.

Robert Schumann leva o romantismo “ao êxtase, para além dos limites”, e a casa onde vivia com sua mulher, a talentosa pianista Clara Schumann (1818-1896), era o ponto de encontro de artistas e intelectuais. Entre eles, o compositor Johannes Brahms, que se apaixonou por Clara e trocou correspondências com ela mesmo após a morte de Robert.

“Brahms tem muito da base clássica por baixo, estuda bem o barroco também e dá maior intensidade a suas obras. Ele temia fazer sinfonias, afinal Beethoven já tinha feito quase tudo”, disse Toze. A primeira sinfonia de Brahms, composta aos 41 anos de idade, foi bem recebida em sua estreia.

Arte total
Na ópera, o grande destaque da aula foi Richard Wagner (1813-1883), que pregava a realização da “arte total”, uma criação que misturaria música, filosofia, literatura, dança, figurino e cenário. Assim foram suas óperas, em especial a quadrilogia “O Anel do Nibelungo”, inspirada na mitologia nórdica. A passagem mais famosa dessas composições é a “Cavalgada das Walkírias”, que abre o terceiro ato da ópera “A Walkíria”. As novidades trazidas por Wagner no campo da ópera e a polêmica antissemita que o envolve foram também abordadas na aula.

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893) foi lembrado por sua genialidade, pelo famoso “Concerto nº 1 para piano”, que à época diziam ser inexequível, e por suas imortais obras para balé, como “O Quebra-Nozes”.

Mas Toze também falou do brasileiro Carlos Gomes (1836-1896), que colocou o índio Peri no papel de herói da ópera “O Guarani”, e de Gioachino Rossini (1792-1868), autor de “O Barbeiro de Sevilha”. E claro, de Giuseppe Verdi (1813-1901), “o maior compositor operístico de todos os tempos”, com uma obra que se contrapõe à de Wagner e se destaca pela qualidade de suas árias. Entre suas muitas criações famosas, destacou “Nabucco”, cujo coro “Va Pensiero”, segundo o professor, teria se tornado uma espécie de hino não oficial da unificação italiana.

Próximo encontro
O próximo encontro do Conexões Musicais, no dia 26/11, às 19h, será uma visita guiada à Sala São Paulo com o professor Antonio Carlos Toze, seguida de concerto. O programa inclui obras de Stravinsky, Schoenberg e Brahms, com regência de Thierry Fischer. Os ingressos estão esgotados.

 

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