“A mulher desiludida”, obra de Simone de Beauvoir, é debatida no Clube de Leitura de março

12 de março de 2025

No dia 11/3, o Clube de Leitura da Apamagis debateu o livro “A mulher desiludida”, da escritora francesa Simone de Beauvoir. Palestrou sobre a obra a professora Marina Costin Fuser, Doutora em Cinema e Estudos de Gênero pela University os Sussex, da Inglaterra. A mediação ficou por conta da Juíza Danielle Martins Cardoso.

O livro, publicado em 1967, é pontuado por elementos autobiográficos e suscita profundas reflexões filosóficas sobre a condição feminina. Três contos abordam as relações humanas e os papéis sociais  de três mulheres maduras. A primeira, Anne, uma intelectual bem-sucedida, se percebe desconectada da própria família. A outra, Murielle, após dois casamentos fracassados e o suicídio da filha, encontra em seus pensamentos e ressentimentos a única companhia. A terceira, Monique, descobre que o marido tem uma amante.

Perda de referência

Ao falar sobre o primeiro conto, “A Idade da discrição”, Marina Fuser discute a perda de referência na sociedade e no casamento. “Ela [Anne] tinha uma idealização do que seria sua vida, que se desmantela sob seus próprios olhos. O casamento entra em declínio. A narrativa coloca a perda de relevância que ela tem dentro da sociedade até o ponto em que a personagem flerta com um colapso. Temos os temas do etarismo, a melancolia por se perceber velha, a solidão de quem não pode contar mais com um marido conformista e a frustração existencial”, afirma a palestrante, que também é pesquisadora e cientista social

Murielle, protagonista do seguindo conto, segundo a palestrante se permite mergulhar dentro do abismo da própria solidão. “No começo da leitura ficamos inclinados a pensar se Murielle não é uma megera, mas vamos percebendo que muito do que ela desabafa tem a ver com a maneira como lida consigo mesmo, porque ela se sente um fracasso como esposa, como mãe, além de ter sentimento de rejeição de sua mãe”, pondera.

‘Relacionamento aberto’

Em “A mulher desiludida”, último conto e que remete ao título do livro, Marina Fuser ressalta o desmoronamento da vida Monique, dona de casa que de repente se vê abandonada pelo marido e desprezada pelas filhas. “É um pouco autobiográfica, por conta do relacionamento aberto” — Simone de Beauvoir e seu marido, o filósofo Jean Paul Sartre, viveram uma relação intensa e dolorosa, muito por conta da quebra de paradigmas de seu relacionamento.”

Um aspecto, porém, une as três mulheres retratadas na obra. “Elas são personagens que não pensaram um projeto para elas. Ele [projeto] foi pensado por outra pessoa e elas o introjetaram. Para a maioria das mulheres o projeto é esse: casar e ter filhos. Essa é a função da mulher [segundo a sociedade tradicional]. A coragem das três personagens, a ideia de tocar sua vida para frente, significa assumir as regras da própria vida e criar seu projeto. A solidão não precisa ser algo ruim”, afirma.

 

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