Dia da Mulher é data para reflexão e não de celebração, dizem magistradas em live
O que deveria ser um dia para celebrar e homenagear as mulheres é, na verdade, uma data importante para a reflexão e, infelizmente, para lamentar a enorme desigualdade de gênero no Brasil. Com esta análise, a presidente da Apamagis, Vanessa Mateus, abriu a live “A Mulher e a Magistratura”, transmitida pelo canal da Associação no YouTube nesta segunda-feira (8/3). “É um dia para fazermos uma reflexão, para agirmos e adotarmos soluções para que não tenhamos que ter essa conversa no futuro”, disse.
A live contou com a participação das juízas Juliana Amato Marzagão, assessora da presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo na área de contratos e integrante do Grupo de Trabalho de Incentivo à Participação Feminina no TJSP, e Camila de Jesus Mello Gonçalves, assessora da presidência da Seção Criminal e coordenadora da área de Direitos Fundamentais da EPM (Escola Paulista da Magistratura).
As magistradas apresentaram dados e buscaram responder os motivos da baixa participação feminina no Poder Judiciário. Para a juíza Camila Gonçalves há questões sociais e culturais que impedem as mulheres de, inclusive, se inscreverem nos processos de escolha.”De 1980 a 2018, foram 42 concursos no TJSP para desembargador e, em apenas quatro, o número de mulheres superou o de homens”.
Camila Gonçalves também citou um estudo da Universidade Federal de São Carlos que concluiu que o impacto de gênero na promoção de mulheres em espaços de poder ocorre de uma forma camuflada. “O impacto está ligado a uma questão cultural da sociedade, da mulher priorizar a família, os filhos e, com isso, não ter desprendimento para progredir na carreira, mudar de cidade, entre outras questões”.
Para a juíza Juliana Marzagão, o Grupo de Trabalho de Incentivo à Participação Feminina no Tribunal de Justiça de São Paulo, do qual ela faz parte, está empenhado em compreender tanto a baixa representação feminina, quanto a baixa participação das mulheres entre as inscritas nos processos. “Será que muitas mulheres não se interessam por estarem sobrecarregadas e, por isso, acabam abrindo mão dessa possibilidade sem se dar conta?”
A fim de obter mais respostas a essas indagações, Juliana Marzagão informou que o Grupo de Trabalho de Incentivo à Participação Feminina no TJSP irá fazer uma pesquisa ampla não só com juízas, mas também com servidoras em geral, para entender melhor o que está por detrás dessa baixa representação. “Queremos avaliar o perfil das nossas juízas e servidoras, do que sentem falta, se já se sentiram discriminadas e no que elas podem contribuir. Assim, com o resultado desse estudo, vamos propor ações objetivas.”
A presidente da Apamagis, Vanessa Mateus, lembrou que ela não só é a primeira mulher a presidir a entidade, como foi a primeira a concorrer. Assim como no caso da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) com a atual presidente, Renata Gil. Ela citou também um estudo do ONU que aponta que, no ritmo atual da evolução da participação feminina nos espaços de poder, serão precisos 100 anos para atingir a igualdade. “Em 100 anos, nem a minha filha, que eu gostaria que vivesse num país de mais igualdade, vai vivenciar isso.”
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