Em live da série “Desafios Profissionais”, Marcello Fiore diz que advogado tem que sentir na pele a dor do cliente
Os caminhos de uma das principais áreas do Direito, a advocacia, desde a formação até o mercado de trabalho, foram tratados em mais uma live da série “Desafios Profissionais”, idealizada pela diretora de Imprensa da Apamagis, a juíza e jornalista Carolina Nabarro. O convidado foi o advogado e vice-presidente da Comissão de Direito Constitucional da OAB-SP, Marcello Fiore, e a live foi transmitida, ao vivo, nesta quinta-feira (21/10) pela página da Apamagis no Instagram.
O advogado contou sua trajetória que o trouxe até o presente momento, onde ocupa um cargo de direção na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo. Fiore, que era músico de palco do programa do Raul Gil na década de 1980, contou que o Direito entrou em sua vida por acaso. “Tive alguns problemas com a gravadora que gerenciava nossa banda e fiquei meio perdido na vida. Pensei em fazer Oceanografia porque eu amo o mar. Pensei também em Administração. Aí meu pai disse: faça algo para você depender somente de você. Ele não queria que eu fosse empregado de ninguém, e a advocacia tinha tudo a ver com isso”, lembrou.
Um amigo do seu pai lhe falou sobre o curso de Direito. E disse para Marcello Fiore cursar Direito no dia em que não soubesse o que fazer, porque dessa forma iria ver o mundo com olhos diferentes. “Assim começou minha história. Pensei em estudar no Largo São Francisco, mas achei que seria dificil, pensei no Mackenzie, mas acabei me encontrando na PUC.”
O advogado comentou que foi aluno de grandes personalidades, e o ano de ingresso no curso foi emblemático. “Entrei na faculdade em 1988, no ano da promulgação da Constituição Federal. Acompanhei todo o processo constitucional no início da faculdade. Michel Temer e Paul Singer foram meus professores,. Haviam todos aqueles movimentos estudantis, manifestações contra o governo, contra a reitoria e aquilo me cativou demais”, revelou.
Ainda na faculdade, Marcello Fiore começou a trabalhar em escritórios de advocacia. Passou por todos as dificuldades, recebeu ajuda de muita gente. No entanto, já advogado, foi se encontrar mesmo na área do Direito Econômico, por ter tudo a ver com a carreira do seu pai, que trabalhou a vida inteira em banco.
“Fui chamado para trabalhar no escritório do dr. Tales Adalberto Camargo Aranha, ex-presidente do TJSP, negociando débito bancário, onde só se fazia concordata e falências bancárias. Tinha familiaridade com isso, porque todos em minha família trabalhavam em banco. Entendi que essa era a melhor maneira de me destacar”, disse o advogado.
E foram muitos os trabalhos de destaque que desempenhou no escritório, como ele mesmo lembrou. “Fiz concordata da Arapuã, da Casa Centro, Brinquedos Mimo, Gazeta Mercantil, Tecelagem Nossa Senhora do Brasil, deixei o pedido de concordata do Pão de Açúcar pronto, entre outros trabalhos.”
Hoje, Marcello Fiore é sócio-diretor da Fiore Advogados, seu próprio escritório. Alçar esse “voo solo” foi algo desafiador, no entanto, muito compensatório. “Quando você insiste muito no que quer, torna-se possível. A sua capacidade mental de alcançar um objetivo é muito grande. É fácil? Nada. Fácil é a estabilidade. Mas até onde você vai chegar com essa estabilidade? Até que ponto é possível alcançar seus objetivos? E quando a gente erra é dolorido.”
Por outro lado, a juíza Carolina Nabarro falou sobre a visão que muitas pessoas têm sobre o trabalho, de certa forma, mais instável do advogado. “Ser sócio é uma das coisas que as pessoas veem como uma dificuldade, pelo fato de ser profissional liberal, sem salário fixo. O advogado vai ganhar de acordo com o que produz, com a sua captação de clientes. Eu, particularmente, detestava cobrar pagamentos, lidar com contrato de honorários”, revelou.
Marcello Fiore respondeu que esse pensamento é muito comum no Brasil, essa insegurança em ser dono do próprio negócio. Por outro lado, para ele, o brasileiro também é muito afeito ao empreendedorismo. “Essa condição da estabilidade e do salário é uma coisa do brasileiro. Mas o brasileiro também é empreendedor, gosta de montar seu negócio, abrir o peito e fazer acontecer. Ser advogado é isso.”
O vice-presidente da Comissão de Direito Constitucional da OAB-SP também destacou o que é para ele ser advogado na essência, para além da questão da remuneração: “Quando o advogado entra com o processo, o problema tem de ser dele. Sinto na pele a dor do meu cliente. Se está acontecendo uma injustiça, eu não durmo. Se não estou conseguindo transferir a minha indignação ao juiz, não relaxo. É tudo uma questão de transferencia de urgência”.
Por fim, Marcello Fiore respondeu uma questão levantada por Carolina Nabarro, acerca de críticas de muitos estudantes à dificuldade da prova da OAB. O advogado defendeu a rigidez do exame e a necessidade do aluno de Direito estudar muito. “As provas têm sido muito bem elaboradas. Acho que a prova da OAB precisa ser igual a um concurso público, para avaliar profundamente a capacidade técnica. Se após cinco anos de faculdade ter medo da prova, é porque não aprendeu”, advertiu. Por isso, Marcello Fiore aconselhou: “Estude, porque somente se estará pronto para advogar com qualidade, como o Judiciário exige, quando você aprender. Não se pode esquecer que do outro lado haverá outro advogado, a promotoria, e você vai travar uma batalha de alto nível”.
A Apamagis realizou, na sexta-feira (21/3), o Lançamento de Livros de Magistrados Autores, na sede […]
A Apamagis lançou um abaixo-assinado, no XXXII Encontro de Coordenadores, realizado sábado (22/3), em repúdio […]
As contas do exercício de 2024 e a previsão orçamentária de 2025 foram aprovadas por […]