Em live, servidora Giselle Aguirre diz que funcionário público trabalha para a população e não para o Estado

3 de novembro de 2021

A série “Desafios Profissionais” teve continuidade na última quinta-feira (28/10) com uma live em celebração do Dia do Funcionário Público. A convidada, com 28 anos de experiência como servidora pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, foi Giselle Aguirre, que atualmente é coordenadora da 1ª Vara Cível  de São Bernardo do Campo. A transmissão foi feita, ao vivo, pela página da Apamagis no Instagram.

A live foi conduzida pela idealizadora do projeto, a diretora de Imprensa da Apamagis, Carolina Nabarro. A juíza e jornalista ressaltou que o objetivo desta série é abordar as mais diferentes carreiras ligadas ao mundo jurídico. “O intuito é abordar as dificuldades e desafios, que só saberemos que existem quando já estamos efetivamente na carreira.”

Ao parabenizar os servidores públicos, Carolina Nabarro também desejou muita sorte àqueles que querem ingressar no serviço público: “É importante que saibam que são carreiras que possuem percalços. Mas vale a pena”.

A convidada Giselle Aguirre contou que ingressou no Tribunal de Justiça no Fórum de Santo André, na Grande São Paulo, onde trabalhou na 2ª Vara Cível por 23 anos. Em seguida, mudou-se para a Vara de São Bernardo do Campo onde atua há cinco anos. “A vida de funcionário público é uma vida muito trabalhosa. Nós trabalhamos e fazemos isso pelo público, porque não somos funcionários do Estado. Eu, pelo menos, me considero uma servidora do público, das pessoas.”

Mas essa compreensão veio com o tempo. Giselle Aguirre disse que só foi ter ideia da importância de sua atuação quando percebeu quantas pessoas dependiam do trabalho dela. “Conforme percebemos o número de pessoas que depende do trabalho, diariamente, do serviço público, mais entendemos a importância do nosso trabalho. Prestar um serviço bom, rápido e eficaz é o que nos move”, ressaltou.

Nascida no Sul de Minas Gerais, Giselle Aguirre lembrou que ser funcionária pública não estava nos seus planos. Atuando como professora, decidiu vir morar em São Paulo. À época, havia um concurso público com inscrições abertas. “Uma tia, funcionária pública, me apresentou o edital e resolvi prestar, assim meio no susto.”

A servidora lembrou que quando entrou no TJSP em 1993 todos os processos eram físicos, em papel, e o trabalho, desenvolvido nas máquinas de escrever: “A gente juntava as petições, aqueles processos enormes, aqueles calhamaços, fazíamos furo, numerávamos as páginas, carimbávamos as petições e os despachos que vinham do juiz”.

Segundo a servidora, naquela época, remessa e recebimento precisavam ser carimbados. “E tínhamos de encaminhar os processos, cumprir as decisões do juiz, expedir mandato, cartas, precatórios na máquina de escrever.” Além disso,

naquela época varas acumulavam mais de uma área, como Família, Fazenda, por exemplo:  “Eu lavrei até testamento. Eram coisas muito distantes do que acontece hoje em dia, e tudo na máquina de escrever. Não se podia errar, não se podia rasurar nada”, disse.

Giselle Aguirre também comparou o nível de respeito dispensado hoje aos funcionários públicos com o período em que ingressou na carreira. “Tínhamos dificuldades, mas éramos mais respeitados. Até as partes nos chamavam de doutor, de senhora. Hoje muito por conta da divulgação de que o funcionário público é o problema de falta de dinheiro no País, que ganhamos rios de dinheiro, a população nos vê como pessoas encostadas, que ganham muito e trabalham pouco, o que é muito negativo.”

Para a servidora, as críticas são injustas. “Não existe servidor que não trabalha, porque é muito serviço, são muitas coisas para serem feitas, e a gente se dedica inteiramente a isso. Os servidores têm muito compromisso. São oito horas de trabalho diário, e eu não conheço quem trabalha só oito horas. Temos uma hora de almoço, mas quase ninguém passa esse tempo almoçando. É tudo sempre corrido.”

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