Vanessa Mateus participa de cerimônia de lançamento da Comissão da Mulher do Iasp
Em cerimônia realizada no Dia Internacional da Mulher, a presidente da Apamagis, Vanessa Mateus, fez uma palestra como principal convidada do lançamento da Comissão da Mulher do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp) nesta terça-feira (8/3). A abertura do evento foi feita pela diretora de Cultura da entidade, Ana Nery, e em seguida pelo presidente Renato de Mello Silveira.
Em sua palestra, Vanessa Mateus disse que o Dia Internacional da Mulher não é de homenagem, mas de reflexão. “É um dia para analisarmos os índices sobre questões de gênero e compará-los com os dados de anos anteriores para ver a evolução e se houve melhorias ou, ainda, se precisam ser melhorados e por que não melhoraram.”
A presidente da Apamagis ponderou que de fato não há mais impedimentos legais para a participação das mulheres na sociedade. No entanto, destacou que os números, infelizmente, ainda mostram um grande abismo de gênero no Brasil. “Por exemplo, nos cargos de liderança, 37% são mulheres. Salários 23% menores que o de homens no mesmo cargo. A média salarial de um homem branco é 159% superior à de mulheres negras. Em cargos de coordenação, o salário da mulher é 15% menor que o de homens. Quanto mais alto o cargo, maior é a diferença entre homens e mulheres.” O mesmo ocorre, segundo Vanessa Mateus, quando se trata da formação das mulheres, cuja diferença salarial em comparação aos homens se acentua ainda mais. “Mesmo tendo mestrado, elas recebem 42% a menos que os homens nesta mesma condição.”
O caso específico do Poder Judiciário de São Paulo foi abordado pela presidente da Apamagis. Por mais de 60 anos, nenhuma mulher ingressou no concurso do TJSP, fato que reflete hoje nos espaços de poder ocupado por elas na Instituição. “Concursos para a Magistratura são realizados desde 1922. E a primeira mulher foi aprovada só em 1981. O TJSP é formado por 38% de mulheres, e apenas 10% delas estão em cargos de segunda instância.”
Vanessa Mateus argumentou que o que ainda impede muitas mulheres de avançar nas promoções do Judiciário é a condição estrutural de cuidadora do lar e da família, o que não acontece geralmente com os homens. “No Judiciário, as promoções às vezes representam assumir posições em cidades diferentes. No caso dos homens eles levam a família mais facilmente. Já as mulheres não conseguem carregar maridos e filhos. Essa diferença na promoção fez com que muitas magistradas não alcançassem o topo da lista de promoção.”
Por fim, a magistrada cobrou práticas efetivas para mudar a realidade e afirmou que aqueles que não se posicionam sobre a desigualdade de gênero estão colaborando para que a atual situação perdure. “Essa pauta é de toda a sociedade, não só das mulheres. Quem não contribui com essa pauta, contribui com o status quo, e quem colabora com isso colabora com a manutenção de um país desigual que mata mulheres, que mantém diferenças evidentes em cargos, salários e ocupação de espaços.”
Ações do Iasp
A diretora Ana Nery lembrou que não é de hoje que o Iasp está à frente de ações para discutir e promover a equidade de gênero. “Nesse dia simbólico em que nos reunimos pela pauta feminina muito me entusiasma. E o Iasp tem desenvolvido ações afirmativas para valorizar a diversidade e incentivar a pluralidade de pessoas e ideias para o nosso corpo associativo em nossos encontros.
Antes do atual presidente Renato Silveira, o Iaasp teve duas presidentes mulheres que foram rememoradas pela diretora de Cultura do Instituto. “Saudamos a memória de Ester Figueiredo Ferraz, ilustre vanguardista, associada do IASP que muito nos orgulha. Nós também tivemos um potente movimento de agregação de associadas no Iasp, que começou com presidentes mulheres, Maria Odete Bertasi e Ivete Ferreira.”

Da esq. para a direita., a diretora Ana Nery, presidente Renato Mello e a diretora de comunicação Suzy Hoffmann | Foto: Ariane Martins
O presidente do instituto destacou que o Iasp ampliou a participação das mulheres, inclusive em cargos de direção, há algum tempo e disse que a meta é aumentar ainda mais. “O Iasp foi uma das instituições pioneiras na inserção das mulheres. Foi nesta entidade que primeiro se teve presidentes mulheres. Não apenas uma, mas duas. As mulheres aqui brilharam já nos anos 40, nos anos 50. Essa casa muito efendeu também a figura da mulher.”
Prestes a ver o Iasp completar 150 anos de existência, o presidente Renato Silveira disse que a criação da Comissão da Mulher tem tudo a ver com o que a entidade quer representar nos próximos 150 anos. “É preciso darmos a oportunidade e local de fala para as mulheres. Por essa razão, hoje se iniciam várias nomeações aqui em comissões e direções. O intuito é trazer o papel feminino ao Iasp e mostrar que se ocupa com essas questões, porque é o momento disso acontecer.”
Na cerimônia, a presidente da Comissão da Mulher do Iasp, Thais Folgosi Françoso, reiterou que o Dia Internacional das Mulheres não é uma data para se comemorar e sim para se refletir sobre o espaço feminino, sobre as injustiças e lutas do gênero na sociedade. “Mas nada melhor do que o lançamento dessa comissão no Iasp para se ter algum motivo para celebrar nesta data.”
Thais Folgosi ressaltou que a Comissão da Mulher será um espaço para a realização de mudanças, e não só para se discutir teorias. A iniciativa prevê que “coloquemos em prática todos os nossos anseios como mulher para quebrar essas barreiras”.
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