Clube de Leitura aborda obra de Haruki Murakami
O Clube de Leitura discutiu, no último dia 4/10, o livro “Sul da fronteira, oeste do sol”, do escritor japonês Haruki Murakami. O encontro teve participação da Mine Isotani, professora de literatura japonesa da Universidade Federal do Paraná, e mediação da magistrada Danielle Martins Cardoso. Considerado um dos autores mais importantes da atual literatura japonesa, Murakami trabalha em suas obras aspectos tão básicos como sociedade, medo ou decepções amorosas. Seu surrealismo emerge por meio de uma ampla variedade de simbologias e maravilhosas epifanias oníricas.
Em “Sul da fronteira, oeste do sol”, o autor tece sua narrativa em torno de Hajime, homem que chegou à meia-idade tendo conquistado tudo que queria – casamento, filhas, vida financeiramente estável. No entanto, não consegue se desvencilhar da sensação incômoda de que nada daquilo traz felicidade para sua existência. Somada a isso, uma memória de infância de uma garota inteligente e solitária cresce em seu coração.
O moderno e o pós-moderno estão muito presentes na literatura de Murakami, que reflete a própria história contemporânea do Japão a partir do avanço do capitalismo, no século XIX, e até a Segunda Guerra (1939-1945), com a reestruturação social dele decorrente e a convivência destes com os fortes traços da tradição. “É muito forte a formação da estrutura da família tradicional. Se o homem domina o espaço social, a mulher domina o espaço doméstico. Cada indivíduo tem de cumprir sua função dentro desse contexto. A ideia do pós-moderno é muito presente nas obras do Murakami, que traz uma ideia mais globalizada, ocidentalizada, em relação ao Japão. Isso faz com que ele seja visto com certo preconceito no país. Fato incômodo, para compreendê-lo o leitor – mesmo o jovem – precisará conhecer o mundo além do Japão”, afirma Mine Isotani.
Preenchimento de vazio
A professora destaca três pontos importantes da obra: a busca introspectiva do personagem; a família moderna nipônica do pós-guerra, muito parecida com a família tradicional; e a ausência de elementos fantásticos, que permite ao autor lidar com as questões da construção de identidade do protagonista. A jornada de Hajime é feita pela busca de preenchimento de seu vazio.
A exemplo de outras obras como “Ouça a canção do vento”, “Norwegian Wood” e “Kafka à beira-mar”, os personagens de “Sul da fronteira, oeste do sol” estão sempre passando por grandes transformações em suas experiências, em busca contínua de um sentido para a própria vida. “Há sempre um questionamento em relação ao ser humano. Questionamento que trata muito de um vazio cuja razão social é importante encontrar. Traço fundamental da obra refere-se à desconstrução de valores. O personagem Hajime questiona as estruturas da sociedade japonesa”, diz a professora.
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