Clube de Leitura de maio debate “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, de Johann Wolfgang von Goethe

7 de maio de 2025

O Clube de Leitura da Apamagis discutiu, no último dia 6/4, “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, de Johann Wolfgang von Goethe, com a participação, como palestrante, de Tarsilla Couto de Brito, doutora em Teoria da História pela Unicamp e professora de Teoria Literária na UFG. A mediação foi feita pela Juíza Adriana Albergueti Albano. O clássico é um dos primeiros livros do autor de “Fausto” e “As afinidades eletivas” — entre outras obras-primas do escritor — e marco inicial do romantismo alemão.

Werther — o protagonista do romance — sofre uma paixão profunda, tempestuosa e desditosa. Vê seus sentimentos supostamente correspondidos, mas se acha frente à impossibilidade de consumá-los, pois o objeto do seu amor, a jovem Charlotte, fora prometida a outro homem, Albert.

Para Werther, porém, a vida só tem sentido com sua amada. A cada gesto, dança e até mesmo em meio a bofetadas, ele se apaixona cada vez mais. Há fortes indícios de que a obra tenha detalhes autobiográficos, pois Goethe teve um relacionamento de forte amizade com Charlotte von Stein, casada com outro homem.

 

Amor proibido

Romance epistolar, segundo Tarsila Couto de Brito, “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, escrito em 1774, é um dos primeiros romances modernos em termos de gênero literário. “De alguma forma, a obra canonizou uma história de amor proibido que tem um desfecho trágico. Nosso herói se mata no final. O livro traz uma aura muito negativa. Desde o primeiro momento de sua publicação, sofreu muita censura. Falou-se na época que o livro provocou uma onda de suicídios na Europa — fato carente de comprovações.”

Inserido no movimento literário Sturm und Drang (“Tempestade e Ímpeto”), a obra contesta o culto à razão e ao classicismo francês, corrente literária preponderante na época. “Como pano de fundo, havia um conflito entre o que a França havia conquistado em termos de consolidação do Estado nacional, por meio da figura de Luiz XIV, o “Rei Sol” e, de outro lado, Goethe e colegas seus como Schiller, entre outros, que não aceitavam submeter sua língua, literatura e regras impostas pela França”, afirma a professora, para quem tal oposição se dava por meio da construção, através de uma personalidade sem limites e fronteiras materializados em Werther.

 

Busca da subjetividade

Neste sentido, para Tarsila Couto de Brito, Werther é um personagem “em busca da construção de sua subjetividade interior da forma mais livre possível. Desde o princípio, ele demonstra um espírito impetuoso, que não aceita regras, uma opressão para seu desenvolvimento. Werther vê como insuportável uma sociedade que exige dele, um pequeno burguês, a submissão à hierarquia social dominada pela aristocracia, e a burocracia.”

Goethe e seu personagem veem na natureza uma totalidade orgânica e viva, uma força poética que constrói suas obras a partir da fantasia. Assim, o grupo incorporado ao “Tempestade e Ímpeto” tinha como um dos principais pontos de referência o poeta grego da Antiguidade Homero, autor dos poemas épicos “Ilíada e Odisseia”. “Para o grupo, Homero significava a mais sublime realização do que a poesia deveria ser: a expressão de uma subjetividade por meio da natureza. A natureza seria a própria expressão da grandeza da alma”, explica a palestrante.

 

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