Em evento da Uninove, Vanessa Mateus diz que mulheres não querem o espaço dos homens, mas ocupá-lo junto com eles

14 de dezembro de 2021

A Universidade Nove de Julho (Uninove) promoveu na última sexta-feira (10/12) o 1º Congresso sobre Capitalismo Humanista Feminino que faz parte do Programa de Pós-Graduação e Doutorado da instituição. O evento reuniu docentes e parceiros da Uninove na discussão de importantes temas relacionados ao tema do Congresso.

Ao todo, debates, painéis e grupos de trabalho abordaram temas de pesquisas e estudos elaborados pelas turmas da Uninove. Entre as palestras, destaca-se a da presidente da Apamagis, Vanessa Mateus.

A magistrada abordou o tema as mulheres em espaços de poder. Vanessa Mateus registrou que neste evento da Uninove a maioria dos participantes era de mulheres, que ocupam cargos decisórios em suas respectivas instituições, mas chamou a atenção para o tempo que levou para que houvesse maior presença feminina nas decisões. “Temos hoje aqui nesta mesa mulheres que ocupam espaço de poder. Contudo, vejamos instituições como a OAB, onde passados 90 anos uma mulher irá assumir a presidência. Na Apamagis, foram quase 70 anos. Na AMB, a Renata Gil também só agora foi ser a primeira mulher presidente.”

A presidente da Apamagis considerou que o fato de uma mulher assumir a presidência de alguma entidade ou de algum cargo de poder virar notícia é a prova de que há algo de errado ainda. “Justamente o fato de nos destacarmos ocupando esses espaços de poder demonstra  quão poucas nós somos. Caso contrário, não seria noticia o fato de uma mulher estar assumindo a presidência da OAB, eu na Apamagis e a Renata Gil na AMB.”

Não só a ocupação de espaços de poder preocupa. Quando ocupam esses postos, as mulheres também recebem menos pela mesma função executada por um homem. Vanessa Mateus apontou alguns números da iniciativa privada. “Embora sejam a maioria da população, inclusive com formação superior, e tenham mais tempo de estudo, apenas 37,5% das mulheres ocupam cargos de liderança e com salário 23% menores do que os homens nas mesmas ocupações. Em postos de coordenação, os salários são 15% mais baixos. Quando as mulheres são especialistas, com graduação, recebem 35% menos do os homens. Quanto maior a formação académica, maior a diferença salarial.”

Já no serviço público, embora a questão salarial seja equiparada, o percentual de mulheres é muito menor do que o de homens, em qualquer um dos poderes e autarquias. “No Legislativo somos 15%, no Judiciário, 10%, na cúpula zero por cento. Para que a mulher ocupe cargos de cúpula do TJSP, ela precisa ser eleita entre os desembargadores. Somos 38% dos magistrados de 1º grau e pouquíssimas no 2º grau. Além disso, só desembargadores podem concorrer aos cargos de cúpula,” ressaltou a presidente da Apamagis.

Por fim, Vanessa Mateus afirmou que as mulheres não desejam o lugar dos homens: “Não queremos isso. Queremos ocupar os espaços junto com os homens, porque percebemos vantagens quando temos mulheres ocupando cargos no Legislativo, no Executivo e no Judiciário. Percebe-se queda na mortalidade infantil, mais políticas voltadas aos Direitos Humanos, políticas públicas mais efetivas. Então, observamos  uma série de características do poder feminino que deve ser colocada em prática”.

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