Encontros de Psicanálise discutem “O mal-estar na Cultura”
A Apamagis inaugurou, no dia 23/8, o ciclo de palestras “Encontros de Psicanálise” com a leitura e discussão do livro “O mal-estar na Cultura”, de Sigmund Freud. As palestras se estenderão, sempre às 19h, pela plataforma Zoom, aos dias 27/9 e 25/10, sob condução da psicanalista Maria Carolina Accioly de Carvalho e Silva. “O mal-estar na Cultura” (escrito em 1929 e publicado em 1930) é considerado um dos mais perturbadores ensaios sobre o desenvolvimento cultural da humanidade.
Na obra – que teve seus dois primeiros capítulos discutidos no encontro –, o pai da psicanálise investigou o porquê de o ser humano ser tão pouco dotado para ser e permanecer feliz. Nela, Freud revela que um dos principais e invencíveis obstáculos à felicidade é a constituição psíquica do homem. Para tanto, ele examina de perto – lançando mão de ferramentas psicanalíticas – o processo de desenvolvimento cultural necessário para que as pessoas possam viver em sociedade.
Pessimismo freudiano
Maria Carolina Carvalho e Silva, que também é psicóloga e trabalha no Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, ressaltou que a produção da obra teve início quando Freud atravessava um período de pessimismo diante da vida. “Ele passava pelo doloroso tratamento de um câncer. No contexto histórico, o nazismo já começava a ganhar força na Europa. Embora Freud fosse judeu, tinha uma visão crítica em relação às religiões, fato que não o impediu de se posicionar contra o perigo da guerra, do antissemitismo e de reafirmar sua origem”, afirmou a psicanalista, para quem a obra ganha certa atualidade nos dias de hoje.
Em “O mal-estar na Cultura”, Freud opta por não separar os conceitos de cultura e civilização. Embora apostasse na possibilidade de uma construção coletiva da civilização e da cultura a partir do contato com “o outro”, o médico e pesquisador austríaco não era ingênuo. “Ele já formulara o conceito da pulsão de morte e inclusive trocava cartas com Albert Einstein nas quais discutiam os movimentos destrutivos produzidos pelo homem. Ao mesmo tempo em que apostava na questão civilizatória, Freud também apontava essa pulsão como parte do ser humano”, disse a psicanalista.
Sentimento religioso
Um dos aspectos frisados por Maria Carolina Carvalho e Silva no primeiro capítulo da obra relaciona-se à abordagem que Freud fez a partir do sentimento religioso, “oceânico” e de eternidade do ser humano para constituir o conceito do “eu”. “O conceito do ‘eu’, para Freud, tinha limites e fronteiras não tão rígidas em relação às outras instâncias psíquicas e aos poderes de influência externas para a constituição do próprio ‘eu’. Existem escolhas que não são exatamente racionais e conscientes”, afirmou.
Ao abordar o segundo capítulo de “O mal-estar na Cultura” no qual o autor de “O futuro de uma ilusão”, “A Interpretação dos Sonhos” e “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” – entre outras tantas obras – defende que o homem comum só pode imaginar a Providência sob a figura de um pai ilimitadamente engrandecido. “Neste capítulo Freud analisa o efeito das religiões diante do desamparo no mundo. É importante observar que ele está em um contexto em que a ideia da modernidade e da ciência acima da religião já está posta. Freud, porém, não faz uma leitura crítica da fé ou do sentimento religioso em si, mas da religião enquanto sistema de doutrina, de dogma e de garantias diante do desamparo”, afirmou a palestrante.
No próximo “Encontros de Psicanálise”, Maria Carolina Carvalho e Silva conversará com os associados sobre os capítulos III, IV e V de “O mal-estar na Cultura”.
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