Freud está no centro das palestras dos Encontros de Psicanálise

7 de outubro de 2022

A Apamagis deu continuidade, no dia 27/9, ao ciclo de palestras “Encontros de Psicanálise” com a leitura e discussão dos capítulos III e IV do livro “O mal-estar na Cultura”, de Sigmund Freud. As palestras se estenderão, sempre às 19h, pela plataforma Zoom, até o dia 25/10, sob condução da psicanalista Maria Carolina Accioly de Carvalho e Silva. “O mal-estar na Cultura” (escrito em 1929 e publicado em 1930) é considerado um dos mais perturbadores ensaios sobre o desenvolvimento cultural da humanidade.

Na obra – que teve os capítulos III e IV discutidos no encontro –, o pai da psicanálise investigou o porquê de o ser humano ter tão pouca capacidade para ser e permanecer feliz. Nela, Freud revela que um dos principais e invencíveis obstáculos à felicidade é a constituição psíquica do homem. Para tanto, ele examina de perto – lançando mão de ferramentas psicanalíticas – o processo de desenvolvimento cultural necessário para que as pessoas possam viver em sociedade.

Período pessimista

Maria Carolina Carvalho e Silva, que também é psicóloga e trabalha no Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, ressalta que a produção da obra teve início quando Freud atravessava um período de pessimismo diante da vida. “Ele passava pelo doloroso tratamento de um câncer. No contexto histórico, o nazismo já começava a ganhar força na Europa. Embora Freud fosse judeu, tinha uma visão crítica em relação às religiões, fato que não o impediu de se posicionar contra o perigo da guerra, do antissemitismo e de reafirmar sua origem”, afirmou a psicanalista, para quem a obra ganha certa atualidade nos dias de hoje.

Entre os principais pontos abordados pela psicóloga, foram abordados o conceito de Pulsão (Trieb), que define o limite entre o somático e o psíquico, um conceito-limite ou conceito fronteiriço, semelhante à noção de instinto (Instinkt), em alguns pontos, e, em outros, é radicalmente deste, e as chamadas “Três fontes de sofrimento” – o poder superior da natureza, a fragilidade do corpo e a inadequação dos dispositivos sociais que devem regular as relações entre os homens e como trabalhar com tais fontes.

“Quando Freud abordou estes três eixos, aparece o conceito de Pulsão. Não é apenas a natureza que o homem tenta dominar e não consegue; tem algo do pulsional que o ser humano não consegue controlar – nem o seu próprio, nem o do outro. Diferentemente do instinto, para explicar a pulsão podemos lançar mão do exemplo dos bebês, que sofrem um estado de desconforto e tensão caso estejam com fome. Instintivamente, eles precisam de alimento. Quando são amamentados, além de alimento, os bebês recebem afeto. Essa experiência de satisfação (alimento e afeto) tentará ser revivida por eles na próxima manifestação de fome e amamentação. Para Freud, a Pulsão é um conceito-limite muito indeterminado entre o corpo e o psiquismo. Ele fala que o aparelho psíquico é regido pelo princípio do prazer. E a Pulsão é uma força constante. Mas há pulsões que têm de ser recalcadas, pois certos impulsos primários humanos precisam ser contidos nesse processo cultural, civilizatório”, afirma a psicóloga.

Gêneses dos totens

Outra contribuição freudiana discutida por Maria Carolina Carvalho e Silva foi o de Totem e Tabu, em que Freud buscou analisar a gêneses dos totens – símbolos sagrados e respeitados – e dos tabus – proibições de origem incerta – que cercam e cerceiam as liberdades individuais e coletivas de uma determinada sociedade. “Trata-se de um mito científico que indica que, em toda a cultura, tribo, sociedade, há alguma lei (que possivelmente está na origem do Direito Penal) de restrição sobre sexualidade e morte, grandes questões da pulsão humana”, disse a psicóloga.

No próximo “Encontros de Psicanálise” Maria Carolina Carvalho e Silva conversará com os associados sobre os capítulos finais de “O mal-estar na Cultura”.

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