Obra do grande renovador do teatro italiano surpreende com temática complexa sem ser hermética
“Seis Personagens à Procura de Autor”, obra para teatro do escritor italiano Luigi Pirandello, foi discutida no último dia 3/12, pelo Clube de Leitura, com a presença como palestrante do escritor e tradutor Luciano Machado Tomaz. As magistradas Renata Manzini e Danielle Martins mediaram o encontro. Um clássico por excelência, a obra — que valeu a Pirandello o prêmio Nobel de Literatura de 1934 — nos apresenta um diretor de teatro, em mais um dia de trabalho, orientando os atores no ensaio de uma peça com o sugestivo nome de “O jogo dos papéis”, de ninguém menos que o próprio Pirandello.
Porém, irrompe no teatro um grupo de seis personagens que estão em busca de um autor para dar vida ao seu próprio drama: o pai, a mãe, o filho, a enteada, o rapazinho e a menina. Mas quem pode representá-los da melhor maneira? Eles mesmos ou os atores da companhia?
Segundo o palestrante, Pirandello é um autor marcado por três grandes ambientes que determinaram, em certa medida, sua obra: o ambiente siciliano de sua infância; a vida em Roma, onde estuda e faz amigos; e a estada na Alemanha, país onde aprofunda seus estudos e tem contato com toda a grande filosofia alemã.
Neste sentido, Tomaz — também doutor em Ingegneria dell”Informazione (Politecnico di Milano) — chama a atenção sobre as pretensões de Pirandello logo no prefácio da obra. “Ele deixa explicitamente clara sua vontade de pensar sobre a ação que se desenvolve no palco e de filosofar sobre a peça. Para ele [Pirandello], o teatro precisa fazer isso. Ele não se sentiria satisfeito com o drama seco dos personagens”, afirma.
‘Estranheza’
A estreia da obra foi polêmica. Ao ser encenada pela primeira vez, em 1921, o público ficou chocado com essa quebra das regras cênicas. “Imaginem um sujeito comum indo ao teatro, em Roma, e se deparando com essa peça? Não há palavra melhor para descrever o sentimento que aquele povo teve do que estranheza. Não há cenário. Os personagens estão ensaiando em um palco nu, sem dar pelota à plateia; de repente, aparecem seis personagens que exigem falar com o diretor e que sejam interpretadas. Imaginem!”, convida Tomaz.
Para o palestrante, muito se explica pelo fato de Pirandello pretender mostrar que o que ocorre no palco é muito superior à realidade — um hiperrealismo. O teatro, para o autor de obras como “O falecido Matias Pascal” e “Assim é, se lhe parece”, não é fuga da realidade. “O teatro é a chave para acessar uma realidade. Esta, sim, real”, afirma.
Engana-se, porém, aquele que considere Pirandello supostamente um autor difícil de compreender. Segundo Tomaz, “a intrincada articulação entre personagens, autor, atores e texto em momento algum é hermética. Ele é claríssimo. Não exige erudição, esforço cerebral, embora esteja fazendo algo difícil: toda uma articulação em um texto claro, com personagens bem delineados embora às vezes esteja brincando com conceitos filosóficos. É uma virtude do texto pirandelliano”.
Diretoria da Apamagis reúne-se com Secretário da Fazenda de SP para discutir migração previdenciária
O Presidente da Apamagis, Thiago Massad, e a 2ª Vice-Presidente, Laura de Mattos Almeida, reuniram-se […]
Encerra no dia 7/3 o prazo de inscrições para a 2ª edição do Prêmio de […]
Depois de receber o Presidente Fernando Antonio Torres Garcia, do TJSP, na sede administrativa, no […]