Presidente de entidade de juízes de Portugal realiza palestra na Apamagis sobre associativismo
O presidente da ASJP (Associação Sindical de Juízes Portugueses), desembargador Manuel Henrique Ramos Soares, realizou palestra no auditório da sede administrativa da Apamagis nesta quarta-feira (6/12), sobre o tema “Papel da Associação Sindical de Juízes Portugueses na busca pelo aperfeiçoamento da Justiça em Portugal”.
Além do palestrante, compuseram a mesa o 1º vice-presidente da Apamagis, desembargador Walter Barone, responsável pela apresentação durante o evento; o 2º vice-presidente da Associação, Thiago Massad; o ex-presidente da Apamagis (gestão 2017), desembargador Oscild de Lima Júnior; e a juíza efetiva do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) Maria Cláudia Bedotti.
Manuel Henrique Ramos Soares iniciou sua palestra informando que completará seis anos de mandato, em 2024, e contextualizando as diferenças culturais e geográficas entre Brasil e Portugal. Contou que o associativismo da Magistratura em Portugal começou, na prática, após a Revolução dos Cravos, em 1974, que tirou do poder o ditador Antônio Salazar. “Antes disso não havia condições para se montar uma entidade de classe”, argumentou.
Dando continuidade ao relato histórico, o magistrado português afirmou que foram formadas duas entidades, nas cidades do Porto e Lisboa, que se fundiram e se tornaram a associação atual, a ASJP. “Por lei, só podemos nos organizar como sindicato para ter representatividade legal em Portugal. Já fizemos quatro greves desde então”, afirmou Manuel Henrique Ramos Soares.
As paralisações ocorreram, de maneira geral, por questões remuneratórias, políticas e cerceamento do trabalho dos magistrados, segundo o palestrante. Ele citou que, em 1993, houve um projeto para juntar o Conselho Superior da Magistratura português, órgão superior de gestão e disciplina dos magistrados, com o Ministério Público. “Nossa entidade se posicionou completamente contra e houve greve. A ideia não foi para frente”, relatou o presidente da ASJP.
Manuel Henrique Ramos Soares destacou que a entidade portuguesa possui neutralidade política e ideológica. “Isso é fundamental para manter a nossa associação unida. Os juízes de Portugal não têm tradição de ativismo em qualquer posicionamento, e a população, de modo amplo, também não aceita isso”, ressaltou.
O presidente da associação portuguesa concluiu sua palestra dizendo que a comunicação adequada e o relacionamento com a imprensa são fundamentais. “Sem isso, a entidade não tem participação no espaço e debate públicos”, explanou.
Em seguida, os integrantes da mesa teceram comentários e fizeram perguntas ao representante da Magistratura de Portugal. “Foi uma palestra muito proveitosa e profícua para aprendermos com a experiência do associativismo português”, afirmou o desembargador Walter Barone. “Eu tive a oportunidade de acompanhar junto com a associação de Portugal como foi a reforma estrutural que houve na Justiça de lá e o papel relevante que a entidade teve nesse contexto”, discorreu a juíza Maria Cláudia Bedotti.
“Foi uma excelente palestra para conhecermos mais profundamente como funciona o sistema de Justiça de Portugal e a relação com a entidade de classe. Percebemos que há diferenças culturais e políticas”, afirmou Thiago Massad. “Gostaria de manifestar minha satisfação em ter participado da palestra, mostrando como deve ser a postura de um presidente de associação, de ser neutro ideologicamente. A Magistratura precisa oferecer soluções, não só reivindicar direitos”, declarou Oscild de Lima Júnior.
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