Apamagis participa de debate com Lula promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
A Magistratura paulista, mais uma vez, foi representada pela presidente da Apamagis, Vanessa Mateus, durante a rodada de debates da indústria com presidenciáveis promovido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na manhã desta terça-feira (9/8). O convidado foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve acompanhado do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, candidato a vice-presidente, e o ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo da chapa do PT.
O evento, transmitido ao vivo no YouTube e acompanhado por mais de 20 mil pessoas, foi o quarto com presidenciáveis dentro do evento Diretrizes Prioritárias do Governo Federal para o período 2023-2026. Já participaram Ciro Gomes, Luís Felipe D´Avila e Simone Tebet.
O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, iniciou sua fala citando o bicentenário da independência: “Temos pensado muito sobre isso neste ano, sendo mais uma oportunidade para refletirmos sobre o estado da nação e sobre quem somos e o que fizemos nesses últimos 200 anos”.
Josué discorreu sobre os avanços tecnológicos em curso, os rumos da transição energética e o mercado de carbono, ressaltando que o Brasil pode liderar o mundo nesse quesito: “Não podemos ignorar tais mudanças. E a reindustrialização de nosso país passa por essas questões, passa pelo desenvolvimento tecnológico, mas, infelizmente, ainda estamos tentando resolver problemas que já deveriam estar solucionados”, afirmou.
Como exemplo, ele citou a Reforma Tributária, uma vez que o sistema tributário atual é burocrático, anacrônico e pesado para a indústria de transformação. Essa indústria responde por quase 30% do total de tributos arrecadados no país e representa hoje somente 11% do PIB, tendo sido mais de 27% no passado. “Precisamos urgentemente resolver o problema do custo do capital no Brasil, muito mais alto do que em países com piores condições que o nosso”, destacou.
Melhorar a competitividade foi outra necessidade apontada por Josué, ao afirmar que a indústria não se moderniza na mesma velocidade dos avanços tecnológicos. “A produtividade de nossa indústria de transformação, que já foi mais de 50% da produtividade da indústria norte-americana, está hoje reduzida a 25%. As nações bem-sucedidas foram construídas com produção, obras e investimentos, com educação de qualidade e fartura de empregos”, pontuou.
O presidente da Fiesp se mostrou inconformado com o baixo crescimento do país, que já representou 3,2% do PIB mundial há alguns anos, mas deve chegar ao fim de 2022 com algo em torno de 2%, bem atrás de outras economias emergentes. Josué disse que, se tivéssemos crescido perto da taxa média global, poderíamos estar hoje com renda per capita próxima da de Portugal, de mais de US$ 22 mil, o triplo do valor atual no Brasil.
“Por essa razão precisamos repensar o papel da manufatura. Existem desafios conjunturais e estruturais. Os principais países estão implementando estratégias nesse sentido. Precisamos reabilitar a política industrial com bases modernas. Não se trata de uma opção. E para haver a recuperação se faz necessário criar um presente de realizações”, concluiu Josué.
Em sua exposição, Lula diagnosticou que existe hoje no Brasil uma crise de credibilidade, de governabilidade, bem como falta de sintonia do governo com as instituições do Estado. A falta de credibilidade internacional foi citada como um dos entraves para fazer o país retomar seu lugar e a relação com os vizinhos da América Latina.
“Por isso escolhi para ser meu vice uma pessoa que foi meu adversário político em 2006. E penso que a minha composição com ele é uma demonstração de que o passado faz parte da história e que podemos fazer coisas melhores, fazer o que precisa ser feito no Brasil”, disse, referindo-se ao ex-governador Geraldo Alckmin, também presente no evento.
Para Alckmin, Lula vai recolocar o Brasil no cenário da economia mundial e devolver o protagonismo que o país deve ter. “Lula é aberto ao diálogo e estará sintonizado com o setor produtivo. E é por isso que nós estamos juntos”, justificou.
Credibilidade, estabilidade e previsibilidade foram apontadas por Lula como as condições ideais para que um governante lidere o Brasil com êxito e defendeu que cada um trabalhe em sua esfera de atuação. “Nem a Suprema Corte pode fazer política e nem o Congresso Nacional pode fazer o papel de julgar. É preciso restabelecer essa normalidade institucional. E que o governo execute o Orçamento”, disse.
Alckmin reforçou esse discurso e elogiou o posicionamento da Fiesp na defesa da democracia, seus valores e princípios. “As pessoas passam, mas as instituições ficam. Precisamos ter boas instituições e a nação é mais importante que o governo”, afirmou, ao defender também que a agenda de competitividade tenha olhar para o crescimento inclusivo.
O combate à miséria e à fome foi ponto fortemente defendido pelo ex-presidente Lula, para quem é anormal o 3º maior produtor de alimentos do mundo ter 33 milhões de pessoas passando fome. “O maior produtor de proteína animal não pode ver pessoas comendo carcaça de frango. Não tem lógica nisso”, afirmou, relembrando o programa Fome Zero, lançado por ele no início de seu primeiro governo.
O coordenador do plano de governo petista, Aloízio Mercadante, disse que o programa é altamente participativo e que já foram processadas mais de 13 mil propostas, que vão desde simples pleitos até temas mais complexos: “Recebemos 350 propostas de entidades da sociedade civil e estamos fazendo esforço gigantesco para produzir um documento sintético. Queremos debate transparente e democrático com todos os partidos que compõem nossa chapa”, explicou.
Uma das preocupações centrais mencionadas por Mercadante é o papel da indústria de transformação. “É o setor que mais multiplica a economia, que mais gera emprego qualificado e onde se vê a inovação. Este país não distribuirá renda nem será moderno sem a indústria”, destacou, acrescentando o papel importantíssimo que entidades como o Sesi e Senai desempenham.
Perguntas da Fiesp
Lula foi questionado por integrantes da Fiesp sobre vários temas, como reindustrialização, reformas estruturantes, reformulação das regras fiscais e redução da vulnerabilidade social, entre outros.
Para reindustrializar o Brasil, ele propôs que sejam identificados segmentos em que o país pode ser competitivo e citou o setor de autopeças, o farmacêutico, o de produtos para a saúde e a indústria naval como exemplos viáveis, criticando a forte presença de produtos de origem chinesa aqui no país. “Dá tristeza ver a situação da indústria automobilística. Como a gente vai gerar emprego nessa área?”, questionou. Ele mencionou ainda a descarbonização, tema convergente com a reindustrialização, “A economia de baixo carbono é vital para a competitividade”, disse Lula.
O candidato do PT afirmou que investimento não deve ser colocado na conta de ‘gasto’ do governo e disse que ter responsabilidade fiscal é quase uma profissão de fé. “Só se deve gastar o que se arrecada, se for necessário fazer dívida, que seja em função de um ativo novo e rentável”, disse.
Quanto à Reforma Administrativa, deve-se buscar equilíbrio. “Há pouca gente ganhando muito e muitos ganhando pouco”, disse. Na sua avaliação, é possível fazer justiça e moldar a burocracia em função de uma nova cultura. Ao discorrer sobre a Reforma Tributária, sinalizou que os mais ricos devem pagar mais, uma reforma mais voltada ao patrimônio com menor incidência sobre a produção e realizada de forma progressiva. “Será uma reforma a ser debatida com a sociedade, inclusive, com a indústria, além de tornar público o projeto antes de enviá-lo ao Congresso Nacional”, disse Lula.
Outro ponto é o restabelecimento do pacto federativo. Se eleito, ele disse que vai se reunir com todos os governadores que indicariam três ou quatro obras de vulto em seus estados a fim de formatar um pacote de infraestrutura e gerar emprego. O apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) seria estratégico para viabilizar este projeto.
Logo após o fim do evento, o ex-presidente Lula, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, assinaram o manifesto “Em defesa da Democracia e da Justiça”, que já foi subscrito pelos outros presidenciáveis que estiveram nos debates da Fiesp. O texto foi publicado por várias entidades, entre elas a Fiesp, nos jornais na semana passada, e será lido nesta quinta-feira (11/8), na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Fonte: Fiesp
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