Nova peça de Régis de Oliveira mergulha no pensamento do filósofo Sócrates

12 de janeiro de 2024

Escritor multigênero, o desembargador Régis de Oliveira deve estrear em março mais um texto escrito por ele para o palco: “O julgamento de Sócrates”. O lançamento da peça acontece após o sucesso conquistado pelo escritor e dramaturgo em agosto de 2022, quando da estreia de “O Deus de Spinoza”, relançada em março do ano passado.

Em entrevista no final de 2023, Régis de Oliveira falou sobre esta e outras obras que escreveu, literárias, para o teatro ou que abordem aspectos do Direito. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Ex-presidente da Apamagis, Régis de Oliveira | Foto: Ariane Martins

Após escrever uma peça sobre Baruch Spinoza, o senhor mergulha na história de Sócrates, um nome seminal da filosofia. O senhor tem alguma preferência por biografias de filósofos quando pensa em teatro?

Régis de Oliveira – Tenho estudado filosofia com professores excepcionais. No início foi com Clóvis de Barros. Agora com Maurício Marsola. Dois homens notáveis, que despertaram meu gosto pelo estudo da vida e da obra de grandes filósofos. Tenho um livro já publicado sobre “Filosofia na Antiguidade”, um estudo sobre as obras de Platão. Isso induz uma tentativa de popularização das ideias filosóficas de grandes homens. “O Deus de Spinoza” é um exemplo. Peça em que se passa a entender Spinoza sem necessidade de lê-lo. Sua atormentada vida é retratada ao lado de suas principais ideias. Não daria para escrever livro sobre Spinoza, porque Marilena Chauí, nossa maior filósofa, já escreveu sobre ele (“A nervura do real”) e esgotou o assunto. Daí a ideia de escrever uma peça para tornar de fácil compreensão as ideias de um dos maiores filósofos de todos os tempos. Spinoza é marco no pensamento mundial.

Por ocasião da reestreia de “O Deus de Espinoza”, em março de 2023, o senhor afirmou que o holandês “balançou o mundo e o pensamento moderno”.  O que o levou a escolher Sócrates como tema de sua nova peça?

Régis de Oliveira – Sócrates é outro gigante do pensamento. Nada escreveu, mas serviu de modelo para Platão, seu aluno. Este relata sua vida e obra (também estudada por Xenofonte e Aristófanes). Vida intensa, guerreiro, desafiador do conhecimento alheio e insistente debatedor de ideias.

Sobre o que a peça trata?

Régis de Oliveira – A peça busca apreender um pouco do que pensou Sócrates à época em que viveu. Era considerado o mais culto dos homens e sua humildade o levava a dizer que “só sei que nada sei”. Isso desperta ciúme de boa parte da oligarquia grega que o acusa de desvirtuamento da mocidade e de não acreditar nos deuses de Atenas. É acusado. Defende-se em peça brilhante. É julgado e condenado à morte. Amigos proporcionam sua fuga. Ele recusa porque tem que cumprir a lei, pois foi julgado e condenado segundo o rito processual da época. A obediência irrestrita à lei, ainda que a considere injusta, relata um sentido ético invejável. Depois, já preso, as pessoas pedem que ele comente o que encontrará do outro lado (pós morte). Ele, então, faz excepcional digressão sobre a alma. Sua existência, seu encontro com outras almas, a reencarnação e a metempsicose. Tal exposição dá origem ao espiritismo, à existência de outro mundo e às crenças modernas (com existência do Campos Elísios – céu – e do Tártaro – inferno).

Esta é sua segunda obra para teatro. Há previsão de apresentar “O Deus de Spinoza” novamente?

Régis de Oliveira – A primeira peça, “O Deus de Spinoza”, já foi encenada e ficou seis meses em cartaz, com boa repercussão e sucesso de público. Agora, a intenção é voltar a exibi-la juntamente com “O julgamento de Sócrates”, a partir de março de 2024.

O senhor também é autor de livros. Como está sua produção literária? Algo a caminho ou algum plano que possa adiantar?

Régis de Oliveira – Escrevi novelas (obra mais simples e, normalmente de um só personagem). Por exemplo, “O destino é o desterro” em que há um diálogo entre o morto e o verme. Bastante interessante. Outra é um retorno do autor a sua cidade de nascimento em que revê inúmeras pessoas, mas elas não tomam conhecimento dele, simplesmente porque é negro. Outra é uma crítica de cunho religioso. Um pai adota alguns filhos – que viram líderes religiosos de diversas seitas – e ao final se vê frustrado em suas intenções e os reúne para um final trágico. Há ainda um romance em que dois personagens se encontram ao final em Marraquesh. Daí o título “Mistério em Marraquesh”. E, por fim, um romance – “O assassinato do presidente” –, livro de cunho político-cultural, que recomendo a leitura. Há outras obras que estão esboçadas. Por vezes volto a elas e tento imaginar os personagens dialogando, mas ainda não concluí. O interessante que faço é o confronto autor-personagem-narrador. Suponho a existência de três pessoas envolvidas na trama. É divertido e me divirto imaginando as reações mais absurdas dos personagens.

E o que o senhor está escrevendo sobre Direito?

Régis de Oliveira – Paralelamente, tenho escrito livros de cunho jurídico e dado cursos de pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP). Abordei os temas “Direito e religião”, “As desigualdades sociais, as mulheres e a liberdade no Direito” e “Direito e arte” – tema de meu último curso na pós da USP. “Divagações sobre um mundo em crise” em que abordo o problema da covid-19 e me apaixono por uma estrela – Betegeuse. “Interpretação, paixões e Direito”, estudo sobre as paixões que interferem na esfera jurídica. Há um outro livro que me deu muito prazer – “Indagação sobre os limites da ação do Estado” –, cujo título inicial era “O Estado canalha”, mas a editora ponderou se poderia haver alteração no título e não me opus. Estou atualizando meu “Curso de Direito Financeiro”, que já está em 1.100 páginas. Enfim, tenho produzido bastante. Há algum tempo escrevi sobre homossexualidade – tema bastante atual. Só não reeditei. Tenho estudo sobre o “Direito na Bíblia”, interessante explicação sobre todos os capítulos da Bíblia. Agora, terminei de escrever um livro sobre “Direito e emoções”. Bastante interessante.

A produção não cessa.

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