Em live, juíza Mônica Tucunduva fala sobre Gestão das Emoções e afirma: “A paz dentro de casa é o mais importante”

8 de dezembro de 2021

A série “Desafios Profissionais” recebeu na última quinta-feira (2/12) a juíza de Direito da Vara da Família e das Sucessões da Comarca de Assis Mônica Tucunduva. A live, transmitida na página da Apamagis no Instagram, abordou a carreira da magistrada e também um dos temas dos quais a convidada se debruçou nos últimos anos: a Gestão das Emoções.

A transmissão, ao vivo, foi conduzida mais uma vez pela idealizadora deste projeto, a juíza e jornalista Carolina Nabarro, diretora do Departamento de Imprensa da Apamagis. Mônica Tucunduva iniciou a live ressaltando que além de magistrada, com diversas atribuições, divide a carreira com o papel de mãe. “Além dos desafios do Fórum, temos os desafios de casa. É importante mostrar para as pessoas os nossos desafios e como fazemos para coordenar a nossa vida de mãe e de juízas.”

Mônica Tucunduva contou que ingressou no Judiciário, primeiramente, como servidora. há 23 anos: “Entrei como escrevente, trabalhei no Tribunal, na Corregedoria, na vice-presidência. Isso tudo me deu muita bagagem, inclusive para me auxiliar na Magistratura, e a certeza do que eu queria”.

No entanto, a Magistratura não era seu foco, mesmo com a Faculdade de Direito e o trabalho no Tribunal de Justiça de São Paulo. Ser juíza, para ela, foi um sonho construído com o passar do tempo. “Não sonhava em ser juíza. Sou do Interior, e ninguém da minha família era desse meio. Mas quando fui estudar e entrei no Tribunal comecei a me deparar coma  possibilidade de ser juíza. Conheci o dia a dia e vi que era possível.”

Quando ingressou na Magistratura, Mônica Tucunduva logo se encantou com a área de Família, onde ao longo dos últimos anos dedicou toda sua formação profissional e trabalho. “De início, minha Vara era Cível Cumulativa. Mas eu tinha esse grande sonho de trabalhar em uma Vara de Família. Conseguimos fazer remanejamento de competências, e o Tribunal aprovou. Tive esse presente, e minha Vara se tornou também de Família,” afirmou.

Já atuando como juíza de uma Vara de Família na cidade de Assis (SP), a magistrada percebeu que somente suas decisões e julgamentos não eram suficientes para impedir que novos casos iguais acontecessem sucessivamente. “Eu tinha uma inquietação. Porque, por mais que fossem resolvidos problemas jurídicos dos processos de família, aqueles mesmos casos sempre voltavam. Acabava de ter uma decisão e vinha uma revisional, entre outras situações, e isso me causava um desconforto. Com a especialização da Vara, pensei o que poderia fazer, além das minhas decisões, para ajudar as pessoas.”

Foi aí que Mônica Tucunduva ficou sabendo do curso de Mediação Familiar da Escola Paulista de Magistratura (EPM). No curso, ela conheceu a Oficina de Pais e Filhos e levou a iniciativa para a cidade de Assis, onde a implantou em 2014. “Constatei o quanto esse tipo de ação pode ajudar as pessoas, para além das nossas decisões como magistrados. Há conflitos em todos os ambientes, mas os familiares são permeados de sentimentos e isso reflete na vida dessas pessoas como um todo. A paz dentro de casa é o mais importante.”

A juíza destacou que aprendeu que muitos problemas vividos por uma família podem ser melhor resolvidos sem a necessidade de um processo. “Os processos de família não são apenas um divórcio, uma guarda de filhos. Eles vêm cheios dessa carga de emoção de sentimentos, de responsabilização pelos atos. São questões íntimas, particulares, e muitas vezes as pessoas transferem isso para o Judiciário, quando as próprias famílias têm condição de resolver, só precisando de um empurrãozinho”, ressaltou a magistrada.

Mas, ainda assim, Mônica Tucunduva comentou que não se sentia ainda totalmente preparada para lidar com tantos sentimentos e emoções de outras pessoas. Foi nesse contexto que desviou um pouco dos estudos em Direito para focar na chamada Gestão da Emoções.

O que uma juíza tem a ver com Gestão da Emoções

“Não sou psicóloga. Gosto das relações humanas, de comunicação, de entender o comportamento das pessoas. É algo que eu ja tinha curiosidade. E me apareceu a oportunidade de fazer um treinamento com o psiquiatra e escritor Augusto Cury. Fui representando a Apamagis, e saí de lá com um turbilhão de emoções e de compreensão. Mexeu muito comigo como pessoa.”

A Gestão das Emoções caiu muito bem para a vida da juíza, tanto em sua vida privada e, principalmente, no trabalho: “Me fez e tem feito para mim um bem enorme. me especializei ainda mais e trouxe aqui para Assis. Assim, eu, meus funcionários, mediadores começamos a aplicar esses conceitos na nossa Vara. Se está sendo bom para mim, por que não encaminhar às partes que chegam com conflitos pessoais para que tenham uma qualidade melhor de vida, condições de gerenciar as emoções e tomar decisões mais assertivas e equilibradas. O resultado vem sendo muito positivo.”

E o conceito de Gestão da Emoções não ficou só na formação profissional e emocional da magistrada. Mônica Tucunduva foi além e levou também para as partes dos processos uma oficina de Gestão das Emoções. O fato de a pandemia ter aumentado fez com que a magistrada implantasse uma oficina de forma online.

Assim, formalizou junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a intenção de aplicar a oficina para as partes dos processos da Vara de Assis. “Desenvolvi um projeto para encaminhar para o CNJ, e em agosto me autorizaram a encaminhar as partes dos processos para essa oficina, tudo virtual.  Fiz uma parceria entre a Vara da Família e o Cejusc para encaminhar as partes para essa oficina.”

A apresentadora da live, Carolina Nabarro, finalizou a conversa com uma reflexão sobre o trabalho dos magistrados a partir dos “Desafios Profissionais” da juíza Mônica Tucunduva. “Nós juizes temos que nos lembrar do que nos trouxe para essa profissão. Ninguém quer ser juiz sem o ideal de justiça, de querer transformar, ser um agente de transformação, da paz, da justiça.”

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